Debater é uma arte mapeada. Lembra o jogo de xadrez. Para cada abertura, há uma defesa correspondente que leva a fase das variantes, o jogo intermediário, a etapa imediatamente anterior às finais.
Bons debatedores se preparam a vida inteira para o improviso. Na hora H, puxam a arma certa do arsenal acumulado ao longo dos anos. Há também os debatedores com dom natural. Nesta categoria dotada instinto repentista, o santo baixa mais facilmente.
Atualmente, nenhum candidato à Presidência do Brasil deu provas de ser debatedor nato. Falta o carisma que não é compensado com os remendos e aditivos artificiais da marquetagem.
Aliás, como é ruim este time de personal treinners pago com salários de boleiros renomados. Captaram algum sinal emitido pelos manifestantes em 2013? O desempenho da clientela aponta para a negativa.
Dilma Rousseff foi programada para depenar tucano. Seu aplicativo não funciona contra Marina Silva. E a cintura de automata que Lula ou o conselheiro de plantão dá corda, mostra-se muito dura para inverter o movimento. Imagine trocar de estratégia que exige raciocínio em lapso curto de tempo.
Embora tenha o programa de governo mais redondo, o bom moço mineiro Aécio Neves vive em um eterno dilema: bato ou não bato, vou ou não vou? Quando decide, não sabe bem como modular o ataque. Muito ou pouco? O resultado é quase sempre fraco.
Marina com a firmeza de quem já enfrentou desarmada jagunço no mato, não tem medo de “Vossa Excelência”. Sabe onde dói e é ali, mesmo que machuca sem piedade ou complexo. Quando atacada, esquiva na evasiva. Ninguém sabe bem o que diz, mas Marina não deixa dúvidas de onde quer chegar.
A acreana será uma boa presidente? Há dúvidas muito bem embasadas. Contudo, não se alcançou está etapa ainda. Por vezes, ela parece nem existir. A disputa por enquanto, resume-se a ganhar a eleição. A ex-senadora vai levando fácil como uma esfinge desafiadora: “Decifra-me ou te devoro.”
http://veja.abril.com.br/blog/de-paris/brasil/decifra-me-ou-te-devoro/
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