Por Silvio B Campello
Quando muitos do blog batiam sem pudor na candidatura Marina em 2010, acusando-a de apêndice de Serra e analisava sua performance como mera consequência de apoio midiático, expus por aqui minha experiência com a campanha. Pouca ou nenhuma repercussão, me pareceu. Relatei esse caráter rizomático e a qualidade da imagem projetada por Marina, especialmente entre os jovens com os quais tenho oportunidade de conviver há mais de 20 anos, diariamente.
A campanha de 2010 se calcou basicamente nessa estrutura faça você mesmo que é da mesma natureza da que vivi aqui em Recife no#ocupeestelita. Minha casa virou um comitê popular e recebia pela rede informações variadas. Uma das mais interessantes era uma ferramenta que localizava num mapa os comitês populares em torno do meu. Maravilha. Dava para ter uma ideia do avanço da candidatura apenas por isso. Além disso era possível baixar material de campanha para imprimir na minha impressora caseira e até moldes vazados para pintar camisas era possível. De quebra, montaram um banco de dados para divulgar os movimentos de Marina através de mala direta. Depois de um tempo solicitei minha exclusão.
A natureza emergente das redes sociais é algo assombroso. No #ocupeestelita, ao acamparem no terreno e detonarem o maior movimento de resistência ao caos urbano recente (apontei aqui a organização que se formava em torno do Estelita em 2012), convoquei meus alunos e ex-alunos pelo facebook para darmos nosso apoio como designers. A resposta foi imediata, chegando a uma centena de membros de um grupo em poucos dias. Porém, o mais surpreendente foi como a organização se montou de maneira espontânea, com alguns tomando a frente sem voz de comando e se substituindo à medida que a demanda surgia, numa espécie de revezamento 100 x 4. Eu, professor universitário, Mestre e Doutor, responsável por convocá-los, sequer contribuí, não deu. Estava com grandes dificuldades de rede e quando conseguia acesso descobria que o grupo vivia muito bem sem mim, em muitos sentidos, até melhor, pois apesar de sempre ter estado à frente da onda digital na minha área (comecei com illustrator, word, pagemaker em 1988), não há como aos 52 anos ser mais competente no uso das ferramentas do que meus alunos de 20-30 anos. É um fenômeno estudado seriamente na Academia, o da emergência. A Rede intensificou fortemente essa qualidade.
Hoje, depois de avaliar o nível e a capacidade da reação conservadora no Brasil, por mais insatisfeito que estou com os rumos do PT e do Governo Federal, com a sua tibieza, com sua estupidez em acreditar que basta o acesso a melhor distribuição de riqueza e condições materiais, seu desprezo pelo embate ideológico, etc. concluí que tenho que ter paciência. Apesar de todo o abandono a que o PT relegou a formação política de sua base social, estou em campanha para Dilma Roussef. A nível estadual, no entanto, desprezo o PT de Pernambuco pelo extremo desserviço à causa de um país mais justo e uma política mais ética e responsável. O candidato ao Senado e ex-prefeito João Paulo, que comportou-se como um reizinho mimado em seu segundo mandato, nunca mais receberá meu voto. Armando Monteiro, oponente do candidato de Eduardo Campos, talvez o receba nesta eleição, pois diferente dos menos informados conheço muito bem a 'nova política' do PSB pernambucano.
http://jornalggn.com.br/noticia/a-eleicao-de-marina-e-um-risco-sua-candidatura-um-avanco#comment-420616
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