23 de setembro de 2014 | 18:03 Autor: Fernando Brito
Jânio de Freitas traça hoje, na Folha, um desalentado retrato da despolitização da campanha eleitoral.
“A eleição presidencial que está nos jornais não está na vida dos eleitores”, uma frase que abre tanto quanto conclui seu lamento por esta mediocridade que estamos vivendo.
E não está porque, a rigor, a vida dos eleitores não importa para o poder econômico brasileiro e passou a ser vista, também, como um simples resultado “automático” de políticas econômicas que incluíram milhões de brasileiros no mundo do consumo sem, entretanto, fazer com que se sentissem parte de um projeto de país.
O campo popular, a esquerda, vai vencer estas eleições apesar de si mesmo. “Malgré lui même”. como era “cult” dizer no meu tempo.
Lembra a frase do falecido Millôr Fernandes: “mais importante que ser brilhante é estar cercado de medíocres”.
A direita brasileira é muito ruim, abaixo da crítica.
Tão ruim que temos de reconhecer que Fernando Henrique Cardoso e José Serra continuam a ser, de longe, seus melhores quadros.
Aécio Neves, embora corra o risco de ser ressuscitado pelas pesquisas de hoje à noite, será um fantasma pálido.
Foi deprimente vê-lo hoje cedo como um menino trêmulo diante da trupe global que se arroga (e não é?) dona da verdade e do Brasil.
Marina Silva é uma brincadeira de mau-gosto: primária, arrogante, sempre pronta a qualquer acordo ou posição que a deixe bem com a elite, à qual tomou gosto de servir como ”bonne sauvage”.
Não é a figura altiva que surge com a força telúrica, mas uma “coitada”, que teve de abandonar seu partido e seus companheiros para…
Para o quê, mesmo? Ah. sim, para ser candidata e candidata outra vez, agora fazendo de Eduardo Campos o Chico Mendes 2, o novo mártir da santa redentora…
Tudo nela rescende a ódio, rancores, recalques.
Como, então, termos uma campanha eleitoral fundada na verdade, se em tudo é a mentira que prevalece?
Mesmo que se confirme a tendência de vitória de Dilma Rousseff, está claro que o modelo de política sem polêmica que o PT adotou desde sua chegada ao poder em 2002, ressalvados os rápidos intervalos eleitorais, quando este debate o salvou – está esgotado.
Não é o suficiente para enfrentar os dias difíceis que virão no próximo mandato, que não pode prescindir de mobilização e pressão populares.
Aprendemos, de forma amarga, no ano passado, que quando a abandonamos, é a classe média órfã de ideias e perspectivas que delas se apodera.
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