SEX, 17/10/2014 - 07:30
Jornal GGN - Depois de tantos vazamentos seletivos contra o PT em plena corrida presidencial, o conta-gôtas que despeja as bombásticas declarações do ex-diretor da Petrobras e delator sacramentado, Paulo Roberto Costa, deixou passar que o ex-presidente do PSDB e finado senador tucano, Sérgio Guerra, recebeu propina em 2009 para esvaziar a CPI da Petrobras. Na época, o PSDB fez o maior escarcéu de que o governo teria esvaziado a CPI que, na realidade, foi rifada por R$ 10 milhões.
da Folha
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Ex-diretor da Petrobras que fez acordo para colaborar com investigação afirmou ter repassado propina ao ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra
Oposição era minoria, mas fazia barulho em comissão e preocupava partidos governistas e grandes empreiteiras
MÔNICA BERGAMO COLUNISTA DA FOLHA MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULO
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse ao Ministério Público Federal que repassou propina ao ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra para que ajudasse a esvaziar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) criada pelo Senado para investigar a Petrobras em 2009.
Guerra, que na época era senador por Pernambuco e integrava a comissão, morreu em março deste ano, aos 66 anos, vítima de câncer no pulmão. Foi substituído pelo presidenciável tucano Aécio Neves no comando do partido.
A Folha ouviu quatro pessoas envolvidas na investigação da Operação Lava Jato que confirmaram que o ex-dirigente tucano foi citado em um dos depoimentos que Costa prestou após decidir colaborar com as autoridades.
Segundo essas pessoas, Costa contou ter tomado providências para que o dinheiro chegasse ao senador do PSDB, mas afirmou não saber se ele recebeu os recursos.
Noticiada pelo site da Folha pouco antes do debate presidencial desta quinta (16), a acusação a Guerra foi usada pela presidente Dilma Rousseff para atacar Aécio.
O candidato tucano disse que continua defendendo as investigações sobre a Petrobras. Com ironia, observou que era a primeira vez que a presidente dava crédito às acusações feitas por Costa.
Segundo o ex-diretor da Petrobras, empresas que prestam serviços à Petrobras tinham como objetivo em 2009 encerrar as investigações da CPI, vista como uma ameaça aos seus negócios.
A existência da comissão também incomodava o governo e os três partidos que Costa apontou agora em seus depoimentos como principais beneficiários do esquema de corrupção que teria atuado na empresa: PT, PMDB e PP.
Embora a oposição fosse minoritária na CPI, as empreiteiras temiam prejuízos que podiam sofrer com o barulho que ela fazia na imprensa sobre as suspeitas na Petrobras.
Em nota, o PSDB afirmou defender a investigação de todas as acusações feitas por Paulo Roberto Costa. Francisco Guerra, filho do ex-senador, disse não ter nada a declarar sobre a acusação, mas afirmou preservar o legado do pai "com muita honra".
Em seu depoimento, Paulo Roberto Costa disse acreditar que Guerra recebeu a propina em 2009, porque nunca mais foi procurado por ninguém para tratar disso.
A CPI criada em 2009 para investigar a Petrobras teve vida breve: foi instalada em julho e acabou em novembro. Guerra e o senador paranaense Álvaro Dias, também do PSDB, abandonaram a comissão em outubro alegando que o rolo compressor do governo impedia qualquer investigação séria.
Os tucanos queriam que a CPI examinasse as mesmas suspeitas que agora são investigadas pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, desencadeada em março deste ano, como a de que houve superfaturamento na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e a de que empreiteiras pagaram suborno a políticos e diretores da Petrobras.
A CPI do Senado tinha 11 membros, três deles integrantes da oposição: Sérgio Guerra, Álvaro Dias e Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA), que assumiu a cadeira com a morte do seu pai.
A comissão acabou desacreditada quando foi decretado seu fim em novembro de 2009: nada de concreto foi apurado sobre a estatal. Os tucanos sempre culparam o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo esvaziamento da comissão.
http://jornalggn.com.br/noticia/delator-agora-relata-propina-a-tucano-guerra-para-esvaziar-cpi-de-2009
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