quinta-feira, 23 de junho de 2011

Reflexões sobre o assassinato de uma jovem adolescente por outra em escola de Fortaleza.




Pregam os teóricos da educação ser a escola um reflexo da sociedade, tão imbricados estão os seus problemas. Essa conjectura vem se configurando, nos últimos tempos, em relação à violência migrada das ruas para o ambiente escolar. Episódios esporádicos, registrados em países desenvolvidos, de repente, começam a proliferar no terceiro mundo, onde a violência é a mesma, apenas menos sofisticada. A realidade incorpora sua disseminação como fenômeno social.

As escolas públicas do Ceará estão distantes do padrão de qualidade desejável, apoiado em tecnologias avançadas de transmissão do conhecimento, em métodos especiais de aprendizagem, avaliação e certificação de seu rendimento. Infelizmente, o maior progresso em sala de aula, verificado na região, foi a substituição do quadro negro por quadros verdes. O giz foi trocado por pincel atômico, quase sempre descarregado, impondo aos professores uma despesa adicional para utilizá-lo como meio instrucional.

Do pondo de vista do apoio, esse é o clima dominante, em meio ao desconforto da desmotivação por parte da massa crítica do magistério, mergulhada na insatisfação de salários defasados, na falta de perspectivas de crescimento na carreira e de um programa contínuo de aperfeiçoamento profissional, para melhorar o nível de ensino. Os gestores públicos continuam a enxergar a escola como despesa, quando o correto seria encará-la como investimento.

No seio do alunado, especialmente entre os grupos direcionados para a escola média, a desesperança domina a cena pela inadequação do que aprendem com as exigências do mercado empregador; pela presença destruidora dos tóxicos e pela violência como estilo de vida. As gangues espalhadas pelos bairros periféricos aumentam o pânico com ameaças e agressões praticadas contra os professores.

Dentro desse contexto, parece estar se incorporando à imagem da escola pública o cometimento de homicídio em seu espaço interno. Foram cinco casos em menos de três meses. O primeiro em março, vitimando um jovem no Colégio Polivalente do Conjunto José Walter; o segundo, em abril, numa tentativa de roubo, à tarde, durante as aulas, numa escola estadual de Sobral. O vigia do prédio público, perseguido por dois assaltantes, conseguiu eliminar um deles.

O terceiro caso foi registrado no bairro Pan-Americano, da Capital, quando um aluno foi assassinado a tiros numa escola de nível médio; a quarta eliminação teve como cenário uma escola de ensino fundamental do Bom Jardim, onde um menor se refugiou, mas não escapou da morte; o quinto assassinato foi mais dramático, por envolver uma menor contra outra adolescente numa escola pública de Messejana.

Notável educador, Dom Bosco deixou para seus seguidores a obra chamada Sistema Preventivo, que apresenta um método para prevenir os desvios de conduta, o consumo de drogas, a prática do "bullying" e a desagregação dos grupos. Esse sistema oferece soluções de como atenuar os malefícios da violência, as quais ainda podem ser empregadas com eficácia, além das indispensáveis providências do poder público.
 
Extraido da página Opinião do Diário do Nordeste.

Nenhum comentário: