segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Para procurador, acusações contra Bernardo podem ser 'graves'

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou na tarde desta segunda-feira que, "tal como postas na imprensa", as denúncias contra o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) "são graves".

Gurgel afirmou, entretanto, que é preciso analisar os fatos. "O Ministério Público não pode se precipitar e formar seu juízo a partir das denúncias da imprensa", disse ele.

A revista "Época" informou no final de semana que o ministro viajou recentemente num avião da construtora Sanches Tripoloni, que faz obras para o governo federal.


Gurgel se reuniu no final da tarde com o vice--presidente Michel Temer.

Ao deixar a Vice-Presidência, Gurgel afirmou se tratar de uma visita de cortesia para "cumprimentar" Temer.

Sobre denúncias em outras pastas, Gurgel disse que nem todas já chegaram ao Ministério Público.

Segundo ele, como ficou um período à espera de ter sua recondução aprovada, precisa de um tempo para "tomar pé" dos novos casos que chegaram.

"Há denúncias que são noticiadas na imprensa e ainda não chegaram ao Ministério Público", afirmou.

Franklin de Freitas - 31.out.10/Folhapress
Os ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil)
Os ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil)

JATINHO

A carona num jatinho de empresários com interesses no Ministério da Agricultura foi um dos motivos que precipitaram na semana passada a saída de Wagner Rossi do comando do ministério.

De acordo com o Código de Conduta da Alta Administração Federal, "nenhuma autoridade pode receber transporte [...] ou qualquer outro favor de fonte privada".

A Sanches Tripoloni realiza várias obras públicas no Paraná e em Mato Grosso, com recursos federais.

Paulo Bernardo afirmou, em nota, que utilizou aeronaves de "várias empresas" no ano passado, mas que não se lembra os "prefixos e tipos, ou proprietários, dos aviões".

Ele disse que a utilização das aeronaves privadas se deu durante a campanha eleitoral, "nos fins de semana, feriados e férias", e que o serviço foi pago. Na época, ele era ministro do Planejamento do governo Lula.

"Além de totalmente inverídicas, são de grande irresponsabilidade as ilações que tentam fazer sobre meu comportamento como Ministro de Estado e o uso de aeronaves particulares. Esclareço que jamais solicitei ou me foi oferecido qualquer meio de transporte privado em troca de vantagem na administração pública federal", diz a nota assinada pelo ministro.

Sobre o uso dos jatinhos no período de campanha, ele escreve: "Em 2010, quando era ministro do Planejamento, participei, nos fins de semana, feriados e férias, da campanha eleitoral do meu Estado, Paraná. Para isso, utilizávamos aviões fretados pela campanha, o que incluiu aeronaves de várias empresas, que receberam pagamento pelo serviço. Não tenho, porém, condições de lembrar e especificar prefixos e tipos, ou proprietários, dos aviões nas quais voei no período."

A mulher do ministro, a também ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), foi candidata ao Senado pelo Paraná na eleição de 2010. Ela também divulgou nota hoje, um pouco antes do marido, na qual afirma que utilizou "para deslocamentos avião fretado, com contrato de aluguel firmado".

O PSDB informou ontem que irá propor a convocação de Paulo Bernardo para que explique no Senado o seu envolvimento com a empreiteira Sanches Tripoloni.

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