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GOVERNADOR DE GOIÁS, MARCONI PERILLO (DIR.) APOIA O PARTIDO DE GILBERTO KASSAB DE OLHO NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2014; O TUCANO JÁ AVISOU QUE, SE LULA FOR CANDIDATO, NEM AÉCIO NEVES NEM GERALDO ALCKMIN TERÃO CORAGEM DE ENFRENTÁ-LO PELO PSDB; MARCONI GARANTE QUE TEM, TANTO PELO PSDB QUANTO PELO PSD
Vassil Oliveira, especial para o Brasil_247 - O PSD nasce em Goiás sob a tutela do governador tucano Marconi Perillo, que tem planos estratégicos próprios para a nova legenda. Os principais integrantes do partido no Estado ou estão em postos-chave do governo, ou gravitam na base marconista. A começar pelo provável presidente da legenda no Estado, Vilmar Rocha, que é deputado federal licenciado e secretário-chefe da Casa Civil.
O prefeito de São Paulo e líder da criação do PSD, Gilberto Kassab, tem ciência das articulações com o tucano e não vê problema. Em março, quando esteve em Goiânia para o lançamento oficial do partido, chegou a afirmar, referindo-se a Marconi: "Ele sabe que, efetivamente, pode contar com o PSD aqui em Goiás."
Com o PSD dominado, Marconi Perillo busca atingir dois objetivos – três, se valer a vontade de seus admiradores. O primeiro é acomodar aliados de legendas adversárias ou consideradas não muito confiáveis ao seu projeto e ao seu governo. É o caso de Vilmar e do também deputado federal Heuler Cruvinel, que deixarão o DEM.
Os dois integram a ala dos democratas que sempre fechou com o governador. No partido ficam o senador Demóstenes Torres e o deputado federal Ronaldo Caiado, independentes e em outros tempos adversários do tucano. Tempos que podem voltar. Demóstenes é comumente citado pelos democratas como possível candidato ao governo em 2014, quando Marconi poderá tentar a reeleição.
O segundo objetivo do governador com o PSD é tentar mais um lance de aproximação com a presidente Dilma Rousseff (PT). Desde que assumiu o governo, Marconi busca ao menos uma audiência com Dilma, e nada. Politicamente, pesam contra ele dois fatos. O primeiro, ter afirmado que avisou Lula do mensalão, sem apresentar provas a não ser a sua palavra.
Na prática, Marconi forneceu munição contra o ex-presidente bem no auge das denúncias. Lula não esquece e não perdoa, como já deixou claro aos seus mais frequentes interlocutores no Estado. Não esquece também – já que conta a mesma história toda vez que vem ao Estado –, que Marconi teria prometido votar e trabalhar pela volta da CPMF, quando ainda estava no Senado, o que não cumpriu.
O outro fato a desabonar o governador no governo federal e, por extensão, entre os petistas, está a manobra que liderou em abril de 2008, quando presidente da Comissão de Infraestrutura, para convocar Dilma para depor sobre o suposto dossiê de gastos sigilosos do governo FHC. Dilma era ministra-chefe da Casa Civil e estava em um momento difícil – como Lula, antes –, sob intenso bombardeio. Como esquecer?
Corrida contra o tempo
Marconi tem motivos pragmáticos para querer se reconciliar com a presidente. No ano passado, logo depois de confirmada sua vitória nas urnas, ele enviou carta à Caixa Econômica Federal ameaçando não cumprir, quando assumisse o governo, os termos de uma negociação com o governo que liberaria, de imediato, recursos que garantiriam R$ 3,7 bilhões de empréstimo para salvar a Celg, a empresa de energia de Goiás.
O tucano acreditava que, no governo, retomaria a negociação e sairia como o seu salvador. Na teoria, seria uma volta por cima, já que ele é apontado, inclusive por Lula, como o responsável por quebrar a empresa. Na prática, o que se vê é outra história: como o dinheiro de fato não saiu e não há previsão de qualquer outro empréstimo salvador, o Estado poderá perder a concessão da estatal. Este ano, em visita a Goiás, Lula voltou a afirmar abertamente que Marconi atrapalhou a liberação do empréstimo para a Celg.
O caso Celg tem provocado desgaste político para Marconi. Por um lado, ele gasta discurso e espaço na mídia em justificativas que, ao mesmo tempo, reforçam o seu ato do final do ano. A negação, no caso, é combustível que mantém acesos os discursos e críticas dos oposicionistas. Por outro, as dificuldades da Celg diminuem o caixa do Estado e fazem o governo gastar mais tempo e mais espaço também na mídia para insistir e defender que tudo está para ser resolvido e o desenvolvimento de Goiás não será comprometido. Detalhe: a Celg é hoje comandada por seu vice, que é filiado ao DEM e foi indicado por Caiado.
Marconi presidente
Mas o que anima mesmo as rodas de conversa de marconistas no Estado é a perspectiva nacional que o PSD pode dar a Marconi. Os principais aliados do governador sonham com a filiação dele no partido ou então com o apoio que ele poderá ter para o seu projeto de disputar a presidência da República em 2014 – principalmente contra Lula.
Em março, durante evento do PSDB, Marconi afirmou em discurso que se Lula for candidato, nem Aécio Neves nem Geraldo Alckmin terão coragem de enfrentá-lo, o que então abriria caminho para ele entrar na disputa. A presidência, para os marconistas, é caminho natural para seu líder e o projeto é acalentado, incentivado e destacado em regularidade na mídia goiana.
Partido nasce grande
Ex-democratas, ex-peemedebistas, ex-adversários do governador. Este é o PSD goiano. Na lista de filiados estão o deputado federal Thiago Peixoto, atual secretário da Educação, e o estadual Francisco Júnior. Ambos do PMDB.
Thiago era tido até o ano passado como a principal promessa peemedebista para enfrentar justamente Marconi. E Francisco era uma das apostas do ex-governador e ex-prefeito Iris Rezende para consolidar a tentativa de renovação do partido.
A justificativa dos dois para sair: falta de espaço no partido para seus projetos políticos. Francisco quer ser candidato a prefeito de Goiânia, algo difícil no PMDB, já que o partido está fechado com o PT na capital; Thiago sonha com o governo em 2018, como sucessor natural de Marconi – que, em tese, seria reeleito em 2014.
Armando Vergílio, deputado federal pelo PMN e até dois meses atrás secretário de Cidades de Marconi, também já anunciou filiação na legenda. A lista vai contar ainda com deputados estaduais, prefeitos e vereadores. O mais recente a comunicar que assinou ficha é o deputado estadual Ademir Menezes. Ex-vice-governador, Menezes estava entre o PSD e o PSDB. Esperou o governador voltar de viagem para conversar com ele e anunciar a decisão.
É fato que o PSD nasce como uma das principais forças políticas do Estado. Maior, por exemplo, que DEM e PP. E nasce pelas mãos de Marconi. Para onde vai? Eis a questão.
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