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UM ESCÂNDALO DE GRANDES PROPORÇÕES PODE TER OCORRIDO NO BRASIL; A COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS, DE MARIA HELENA SANTANA, INVESTIGA MOVIMENTAÇÃO ATÍPICA NO MERCADO NA REUNIÃO DO COPOM, DE ALEXANDRE TOMBINI, EM AGOSTO; BANQUEIRO CACCIOLA FOI PRESO POR INFORMAÇÃO PRIVILEGIADA DO BC, QUE SILENCIA
247 – Um escândalo financeiro de grandes proporções pode ter ocorrido no Brasil. Nesta sexta-feira, a Comissão de Valores Mobiliários soltou uma nota explosiva. A autarquia investiga movimentações atípicas, de mercado, registradas na semana de agosto em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros em 0,5 ponto porcentual. A reunião aconteceu em 31 de agosto. Procurada, a CVM respondeu que “não comenta investigações em curso”.
Naquele mês, com a inflação em alta, o mercado financeiro inteiro em peso esperava por uma elevação da taxa de juros – ou, ao menos, por sua manutenção. Surpreendentemente, o Banco Central, presidido por Alexandre Tombini, reduziu a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, alegando que a crise internacional reduziria a demanda doméstica no Brasil.
Sabe-se agora que algumas instituições financeiras estavam excessivamente compradas em fundos DI – como sabiam que a taxa iria baixar, compraram papéis com o juro maior, às vésperas do Copom. E é por isso que a CVM investiga movimentações atípicas. A dúvida, agora, é: houve informação privilegiada? Quem passou a informação? Quem recebeu?
Caso Cacciola
Da última vez que se soube de informações privilegiadas no Banco Central, quase se derrubou um governo. Salvatore Cacciola, que recebia informações privilegiadas dos irmãos Bragança, sócios de Francisco Lopes, ex-presidente do BC, na consultoria Macrométrica, repassava ao Banco Marka informações privilegiadas sobre a taxa de juros. Foi assim que Cacciola conseguiu obrigar o BC a vender dólares subsidiados para o Marka na crise da desvalorização do real em 1999, num dos maiores escândalos do governo FHC.
Agora, na era Dilma, será que o problema se repetiu? A piada que se faz, no mercado financeiro, é que pelos menos um grande banco de investimentos parece ter tido um sonho com a queda abrupta dos juros em agosto.
Silêncio
O Banco Central não quis se pronunciar sobre a investigação que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está fazendo sobre movimentações atípicas de instituições financeiras às vésperas da reunião da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em 31 de agosto, quando a taxa de juros básica, a Selic, foi reduzida em 0,5 ponto porcentual. O BC também não informou se recebeu alguma notificação da CVM sobre o assunto.
Uma fonte do governo disse que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, há alguns anos tem cobrado que a CVM acompanhe mais de perto as movimentações do mercado às vésperas do Copom e também quando há anúncio de outras medidas do governo, como na área cambial. O ministro, segundo essa fonte, reforçou essas recomendações ao órgão, especialmente a partir da crise financeira internacional de 2008. Ainda de acordo com esse integrante do governo, essa cobrança já suscitou outras investigações por parte da CVM, embora tenham sido mantidas em sigilo.
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