Toda greve, principalmente de serviços públicos, incomoda o cidadão, mas quando a população entende que se trata de reivindicação justa, tende a apoiar o movimento, mesmo com os transtornos.
Assim é, por exemplo, com greve dos professores. Os pais e alunos entendem que o objetivo é melhorar a qualidade do ensino, pois sem salário minimamente decente, os bons professores acabam abandonando o magistério, ou indo dar aulas em escolas privadas, que pagam melhor. Além disso, por mais transtorno que se cause no momento da greve, as aulas podem ser repostas, o que diminui ou até mesmo elimina o prejuízo aos alunos.
Já em uma greve no policiamento ostensivo, como da PM baiana, não há como repor a falta de segurança nos dias em que a polícia para. Homicídios por falta de policiamento são irremediáveis. Deve ser por isso que greve da PM é proibida por lei.
A greve não é apenas contra o patrão (neste caso, o governo estadual). É também contra o cidadão, que se sente vítima da greve.
O caso se agrava quando há relatos de que policiais estão provocando situações de pânico. Ainda que seja coisa de uma minoria, a imagem da policia perante o cidadão fica muito ruim, da impressão de grupo de milícias. São elas que exigem vender segurança, senão vidros de carros aparecem quebrados, e coisas do gênero.
Os policiais militares que entram em greve, muitas vezes com reivindicações justas, não se dão conta, mas a população perde parte da confiança na instituição, como se um pacto social tivesse sido quebrado, o que em vez valorizar o policial, acaba desvalorizando.
EM estados com governadores neoliberais – o que não é o caso da Bahia, do petista Jaques Wagner –, greves como estas dão motivos para privatizar tudo o que é possível da segurança pública, desvalorizando a PM. Começam a reduzir a polícia pública e contratar empresas de vigilância privada. Daí, os salários passam a ser achatados e as condições de trabalho vão ficando precárias. Só pra lembrar, quando José Serra foi governador em São Paulo, deu início a um processo de contratar vigilância particular em delegacias. E se a população estiver com a confiança abalada na instituição Polícia Militar, não se opõe à privatização.
A operação do Metrô do Rio de Janeiro, por exemplo, foi privatizada no governo tucano de Marcello Alencar sem resistência popular, menos por motivo econômico (uma vez que os grandes custos na construção e nos trens continuam estatais), do que para não enfrentar greves, pois os metroviários trabalhando em empresa privada podiam ser demitidos mais facilmente.
No caso da PM da Bahia, seria mais sensato fazer algum tipo de operação padrão, em vez de greve, e uma ampla campanha de esclarecimento de sua situação junto à população, que sempre apoia quando a causa é justa, como aconteceu com os bombeiros no Rio de Janeiro.
http://www.redebrasilatual.com.br/blog/helena/greve-da-pm-da-bahia-carece-de-sensatez
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