A CPI do Cachoeira realizou nesta quinta (24) –ou tentou realizar— mais uma sessão de inquirição de testemunhas. Mimetizando a tática do chefe, o sargento reformado da Aeronáutica da Idalberto Matias ‘Dadá’ de Araújo, araponga de Carlinhos Cachoeira, escorou-se no direito constitucional de calar para não se autoincriminar.
Jairo Martins, outro membro da quadrilha que operava no submundo da coleta e difusão de informações, também esquivou-se da inquirição pela conveniente via do silêncio. Imobilizado, o presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), viu-se compelido dispensar os pseudodepoentes.
O ex-vereador goiano Wladmir Garcez (PSDB), terceiro convocado do dia, disse meia dúzia de palavras. Apontado pela PF como elo de ligação entre Cachoeira e o governador tucano Marconi Perillo, de Goiás, tentou desqualificar o trabalho da polícia. Disse que os grampos em que sua voz soa em diálogos vadios foram montados.
Na contramaré da torrente de indícios, Wladimir declarou-se uma inocente criatura. Reconheceu que trabalhava a soldo de Cachoeira. Mas alegou que recebia salários licitamente de uma empresa do contraventor. Nada tinha a ver com os negócios ilícitos do chefe. Aliás, nem sabia que as operações de Cachoeira desaguavam no Código Penal.
Wladimir disse tudo isso numa manifestação preliminar. Depois, informou aos inquiridores que não responderia a uma mísera pergunta. E o pretendido depoimento fez água.
Sem ter o que fazer, os membros da CPI puseram-se a bigrar entre si. Fernando Francischini (PSDB-PR) dirigiu ao relator Odair Cunha (PT-MG) um par de adjetivos pouco lisonjeiros. Quando se trata de investigar o petista Agnelo Queiroz, disse Francischini, Odair é “tchutchuca”. Com o tucano Marconi Perillo, vira “tigrão”.
Petista como Odair e paranaense como Francischini, o deputado Dr. Rosinha exibiu os espinhos. Foi ao microfone para tomar as dores do relator. Abespinhado, o colega tucano levantou-se da cadeira. Antes que a coisa descambasse para o pugilato, entrou em cena a turma do ‘deixa-disso’.
Frustrados os depoimentos e apartada a briga, houve quem defendesse que a CPI aproveitasse a sessão para votar a quebra dis sigilos da matriz da Delta e a convocação dos governadores Perillo (GO), Agnello (DF) e Sérgio Cabral (RJ). Nada feito. A análise dos requerimentos foi postergada para 5 de junho.
Quem observa de longe, enxerga no plano de trabalho da CPI um certo viés viciado. Mas o comando da comissão chama o Vício, carinhosamente, de Critério.
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