quinta-feira, 24 de maio de 2012

Família Civita já passou por CPI para explicar corrupção do Grupo Abril


Família Civita já passou por CPI para explicar corrupção do Grupo Abril
Os parlamentares do nosso Congresso precisam perder o medo de convocar barões da mídia e jornalistas para depor em CPI.
Na época da ditadura – no ano de 1982 –, o irmão de Roberto Civita já depôs, e não foi por perseguição dos militares. Foi por se envolver num escândalo de corrupção, acusado de favorecimento por ministros e dirigentes de bancos estatais.
Quem conseguiu convocar a CPI foi a oposição à ditadura, por meio de um requerimento do então deputado Del Bosco Amaral do PMDB. Mas o partido da ditadura, o PDS (sucessor da Arena e ancestral do DEM e do PSD), capturou a presidência e a relatoria da CPI.
A história começou em 1980, durante o governo do general Figueiredo. O jornal O Estado de S. Paulo rompeu com o corporativismo na imprensa e publicou denúncias do escândalo de corrupção do Grupo Abril, donos da revista Veja.
Tratava-se da construção dos hotéis Quatro Rodas, em pontos turísticos no Nordeste, com incentivos fiscais da Sudene e dinheiro público vindo de empréstimos do BNB (Banco do Nordeste), Banco do Brasil e até do extinto BNH (Banco Nacional da Habitação), criado para financiar só a habitação, foi colocado para financiar hotel de luxo, na hora de dar "aquela ajudinha" ao Grupo Abril.
O assunto acabou virando a CPI Quatro Rodas, na Câmara dos Deputados, em que o diretor do Estadão, Rui Mesquita Neto, depôs como testemunha, e falou sobre a série de reportagens cobrindo o escândalo de corrupção da Abril.
Em outra sessão de inquéritos da CPI foi a vez de Richard Civita (irmão de Roberto Civita), então presidente da empresa Hotéis Quatro Rodas, depor para dar explicações sobre o rombo produzido nos cofres públicos.
A Abril não conseguia pagar os empréstimos e nem terminar os hotéis. Para resolver a questão, os ministros da ditadura deram um jeitinho: o BNB e o Banco do Brasil viraram acionistas dos hotéis como forma de quitar a dívida, amargando prejuízos.
Os parlamentares da CPI ligados à ditadura e amigos dos Civita, fizeram a CPI “terminar em pizza”, com um relatório favorável ao Grupo Abril.
Os parlamentares de oposição fizeram um relatório alternativo, com demonstrativos de perícias contábeis, mostrando o prejuízo causado aos cofres públicos.
Como se vê, até na ditadura teve parlamentares que chamaram os Civita às falas por maracutaias com ministros poderosos. Então é inaceitável que hoje, em plena democracia, nossos congressistas "pipoquem" e não cobrem explicações sobre a parceria Veja-Cachoeira, claramente mostrada pelas recentes investigações da Polícia Federal.

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