Com performances medíocres, pilotos brasileiros roubam do
Japão o posto de barbeiros do automobilismo - e fazem o País
esquecer os tempos de glória
Amauri SegallaNA RABEIRA
Massa (à esq.) e Senna: ilustres representantes da “japonização” do automobilismo brasileiro
Os japoneses colecionaram tantos fracassos no automobilismo que, pelo menos no Brasil, ganharam fama de barbeiros. Nos anos 80, Satoru Nakajima ficou conhecido pelas manobras que tiravam os adversários da pista – em uma delas, acabou com as chances de vitória de Ayrton Senna em Interlagos – e, na década de 90, os erros grosseiros de Ukyo Katayama lhe valeram o apelido de “Katagrama”. A julgar pelos resultados recentes, a reputação negativa mudou de lado. Terceira nação com mais títulos e presença certa em todas as listas de recordes da categoria, o Brasil vê seus pilotos passar por um desenfreado processo de “japonização”. Felipe Massa, da Ferrari, sequer vê a sombra de seu companheiro de equipe Felipe Alonso, que lidera o campeonato enquanto o brasileiro ocupa uma melancólica 14ª posição. Bruno Senna, da Williams, tem metade dos pontos do venezuelano Pastor Maldonado, que pilota um carro praticamente idêntico ao seu. Suprema ironia: na classificação do campeonato, ambos brasileiros estão atrás de Kamui Kobayashi, esse, sim, um japonês genuíno. Por mais que Galvão Bueno tente inflar o ânimo dos torcedores, o Brasil é hoje o Japão da Fórmula 1 – fenômeno, aliás, que se repete na Fórmula Indy e onde mais houver corrida de carros mundo afora.
Nos últimos anos, toda e qualquer esperança de vitória (Ricardo Zonta, Antonio Pizzonia e Tarso Marques, para citar alguns exemplos de fiascos) naufragou uma após a outra. O que teria levado um país que detém oito títulos mundiais da Fórmula 1 a andar na rabeira do automobilismo mundial? Para o jornalista Flávio Gomes, apresentador da ESPN e dono do site Grande Prêmio, a ausência de conquistas é reflexo principalmente do desaparecimento das categorias formadoras, que funcionavam como aprendizado para jovens pilotos. “O automobilismo de base não existe mais no Brasil”, diz Gomes. Segundo o especialista, a última categoria acabou em 2006 e isso explica os maus resultados da nova geração. Para fazer carreira, os novos pilotos pulam a etapa de preparação no País. Mais grave: só consegue ir para o Exterior quem tem dinheiro e não necessariamente talento. Gomes faz um prognóstico preocupante: “O Brasil não vai ter piloto de ponta nos próximos dez anos.” Seremos, portanto, japoneses por um longo tempo na Fórmula 1. Sayonara, títulos.
Nos últimos anos, toda e qualquer esperança de vitória (Ricardo Zonta, Antonio Pizzonia e Tarso Marques, para citar alguns exemplos de fiascos) naufragou uma após a outra. O que teria levado um país que detém oito títulos mundiais da Fórmula 1 a andar na rabeira do automobilismo mundial? Para o jornalista Flávio Gomes, apresentador da ESPN e dono do site Grande Prêmio, a ausência de conquistas é reflexo principalmente do desaparecimento das categorias formadoras, que funcionavam como aprendizado para jovens pilotos. “O automobilismo de base não existe mais no Brasil”, diz Gomes. Segundo o especialista, a última categoria acabou em 2006 e isso explica os maus resultados da nova geração. Para fazer carreira, os novos pilotos pulam a etapa de preparação no País. Mais grave: só consegue ir para o Exterior quem tem dinheiro e não necessariamente talento. Gomes faz um prognóstico preocupante: “O Brasil não vai ter piloto de ponta nos próximos dez anos.” Seremos, portanto, japoneses por um longo tempo na Fórmula 1. Sayonara, títulos.
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