domingo, 3 de junho de 2012

Sobe pressão para impedir Gilmar no mensalão


Sobe pressão para impedir Gilmar no mensalão

Foto: Edição/247

COM SUAS ATITUDES, ELE TERIA ANTECIPADO O VOTO, AO INVERTER A PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E DEMONSTRAR PREJULGAMENTO EM RELAÇÃO AOS RÉU DO PROCESSO; NESTE DOMINGO, VÁRIOS ARTIGOS LEVANTARAM A HIPÓTESE DE QUE ELE NÃO TERIA A NECESSÁRIA ISENÇÃO PARA PARTICIPAR DO JULGAMENTO

03 de Junho de 2012 às 19:25
247 - Gilmar Mendes é, sem sombra de dúvida, o mais polêmico integrante do Supremo Tribunal Federal. Fala excessivamente, assume um papel político e, não raro, identifica-se com a instituição da qual faz parte. Na última polêmica, que o Brasil inteiro acompanhou, comprou uma briga direta com o ex-presidente Lula, a quem acusou de tentar chantageá-lo, com uma blindagem na CPI do Cachoeira, para “melar o mensalão”.
O saldo final da polêmica, no entanto, não foi totalmente positivo para Gilmar. Na realidade, foi até negativo para sua imagem. E, aos poucos, diversos artigos começaram a questionar se ele não deveria se declarar impedido de julgar o processo do mensalão. Maria Cristina Fernandes, editora de Política do jornal Valor Econômico, defendeu essa tese explicitamente. No 247, Hélio Doyle apontou o paradoxo do ministro político que terá que proferir um voto jurídico (leia mais aqui).
Neste domingo, dois novos artigos questionaram a isenção de Gilmar Mendes. O cientista político Renato Lessa fez a provocação direta no título do seu artigo “A despresunção de inocência”, publicado no Estado de S. Paulo, apontando que, ao contrário do que reza a Constituição, o ministro estaria presumindo a culpa dos réus. “Se Lula quis melar o mensalão, valeria então supor que Gilmar quis melar a defesa”, escreveu Lessa (leia maisaqui).
Outro artigo, do também cientista político Marcos Coimbra, bate na mesma tecla. “A pergunta é outra: Gilmar Mendes tem, hoje, essa condição? Conseguirá por de lado a mágoa que revelou em seus pronunciamentos e julgar com isenção?”, indaga Coimbra. “Em situações análogas, alguns de seus antecessores mais ilustres reconheceram que deviam declarar-se impedidos”, conclui.
Conhecendo Gilmar, a chance de que isso ocorra, no entanto, é zero.

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