Depois de chefiar uma gestão que deu espaço ao movimento dos homossexuais (criou uma Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual) e às religiões (implantou o ensino religioso nas escolas), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição, incorporou à sua campanha o pastor Silas Malafaia. Pelo acordo, o presidente da Assembleia de Deus do Ministério Vitória em Cristo e um dos mais duros críticos do que chama de "privilégios" dados aos gays pelos políticos, o religioso gravará vídeo indicando o voto no peemedebista e ganhará apoio para o candidato a vereador Alexandre Isquierdo, da sua igreja. Em 2010, o pastor apoiou José Serra (PSDB) para presidente, em meio à polêmica envolvendo o direito ao aborto.
"(A prefeitura) Tem Secretaria (sic) da Diversidade Sexual, mas meu problema não é esse", disse Malafaia. "Acho que um prefeito, governador, tem de atender tudo: católico, espírita, homossexual... Minha questão não é essa. Minha questão fala de privilégios. Não quero para evangélicos, mas também não quero para ninguém."
Em maio, Paes e Malafaia estiveram no centro de uma polêmica. A prefeitura liberou R$ 2,48 milhões, em dinheiro público, para financiar a Marcha para Jesus, evento religioso que foi liderado Malafaia, também presidente do Conselho de Pastores do Estado do Rio de Janeiro. Era a sétima edição anual do evento, mas, segundo o religioso, a primeira que teve apoio da prefeitura. Na caminhada, o pastor anunciou que devolveria R$ 410 mil que não tinham sido gastos na organização do evento. "O povo de Deus é correto", afirmou na ocasião. Mas a relação entre Malafaia e o prefeito é anterior. Segundo o religioso, começou quando Paes ainda era secretário do então prefeito Cesar Maia (DEM) e se fortaleceu a partir da eleição do prefeito.
"Quando o Eduardo Paes foi candidato em 2008, estava em uma disputa acirrada com o (Fernando) Gabeira (PV)", disse Malafaia, recordando o segundo turno da eleição. "Observaram que o Gabeira, apesar das suas posições sobre maconha e homossexualismo, tinha um índice enorme entre os evangélicos."
Paes, relatou o pastor, o procurou em casa, esperando que voltasse de uma viagem. "O senhor pode decidir essa eleição", teria dito o prefeito. Malafaia contou ter respondido dois dias depois. Gravou sua participação no horário eleitoral, pedindo votos e, desde então, houve um relacionamento mais estreito. "Falei com ele direto, nesses quatro anos", relata, elogiando a facilidade de acesso ao prefeito. Ele contou que, este ano, Paes o procurou novamente e disse: "Conto com vocês". Na semana passada, selaram o acordo.
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