terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Perigo nas piscinas

Morte de três crianças vítimas da sucção de bombas de água em 

seis dias é um alerta para a falta de segurança sob as águas. Dos 

1,7 milhão de piscinas existentes no Brasil, 90% estão irregulares

João Loes
Tida como fonte de diversão e alívio para o calor escaldante do verão, a piscina ganhou contornos de armadilha neste começo de ano. Em menos de uma semana, três crianças morreram em acidentes distintos depois de se verem presas pela sucção de ralos de filtragem e recirculação de água enquanto se banhavam. Mesmo com a intervenção de adultos, Kauã Santos, 7 anos, Mariana Oliveira, 8, e Naisla Cestari, 11, não conseguiram se desvencilhar da força de aspiração das máquinas e se afogaram. “A sucção é causa de cerca de 35% das mortes por afogamento em piscinas de crianças com idade entre 1 e 9 anos”, estima David Szpilman, diretor-médico da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), para quem essas tragédias ainda ocorrem porque as pessoas continuam acreditando que esses acidentes só acontecem com os outros. Com isso, a piscina acaba sendo construída e mantida com desleixo e sem respeito aos parâmetros que garantem a segurança de seus usuários.
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Segundo estimativa da Sobrasa, do 1,7 milhão de piscinas existentes no Brasil, cerca de 90% estão, de alguma maneira, irregulares. O fato de o País não ter uma lei federal que regule a construção e manutenção desses espaços favorece o improviso. “O que temos são normas técnicas e algumas poucas leis municipais”, diz Eugênio Tolstoy de Simone, diretor-técnico da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). E como a fiscalização das leis, nos poucos municípios onde elas existem, é falha e as normas técnicas não têm força regulatória, há verdadeiras arapucas sob as águas.
Mas há formas, simples até, de se evitar esse tipo de acidente (leia quadro). Para quem usa piscinas coletivas, por exemplo, vale contar o número de ralos antes de mergulhar – quanto mais ralos, mais diluída a força de sucção –, além de buscar informações com o guarda-vidas sobre botões para desligamento de emergência da bomba. Questionar se os ralos são do tipo antiaprisionamento, ou seja, curvos e com grade fina o suficiente para impedir o encaixe de dedos e cabelos, também é importante. “Mas fundamental mesmo é ter sempre um responsável de olho”, diz Szpilman, da Sobrasa. Em condomínios sem guarda-vidas, os pais podem se alternar nessa função. Tudo para garantir que a diversão preferida do verão não acabe em tragédia.
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Fotos: Daniel Camargos/EM/D.A Press; Reprodução

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