A derrota do Brasil para a Alemanha proporcionou uma bela discussão em meu blog sobre os rumos do futebol brasileiro (http://goo.gl/m8R8kP).
O
modelo atual de organização do futebol permitiu a exportação, cedo, dos
principais craques, sua formação em escolas estrangeiras e a
dificuldade de consolidar a cultura brasileira de futebol na nova
geração.
A Alemanha passou pelo mesmo drama e se renovou.
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A
renovação alemã começou após o vexame da Eurocopa de 2000, quando caiu
na primeira fase. Foi montado um plano para em uma década devolver à
Alemanha o status de potência futebolística.
Em
doze anos foi investido US$ 1 bilhão em academias e centros de
treinamento para jovens, em um total de 366 centros. A missão foi
conferida à DFB (Associação Alemã de Futebol), ligada ao governo. Cerca
de mil técnicos passaram a treinar 25 mil jovens.
Depois,
a DFB reformulou a Bundesliga - o campeonato nacional - impondo uma
política financeira rígida, com um manual de 200 páginas especificando
normas financeiras. Três vezes por ano os clubes são obrigados a enviar
relatórios sobre suas atividades.
No
Brasil, entre 2011 e 2012 as dívidas dos 23 principais clubes
aumentaram 17%, atingindo R$ 4,72 bilhões. E a CBF jamais desenvolveu
qualquer política de incentivo à formação de jogadores.
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A implantação de qualquer modelo, no entanto, esbarra na estrutura política das confederações.
A
legislação permite que presidentes de clubes sejam votados por
conselhos compostos de conselheiros permanentes, eternizando os esquemas
de poder. Além disso, das 29 federações que elegem o presidente da CBF,
cinco estados mantém a hegemonia, praticamente comprando os votos dos
estados menores.
Foi
esse mesmo modelo que João Havelange levou para a FIFA, comprando apoio
de países africanos até ser derrubado pelo esquema Joseph Blatter –
empregando os mesmos métodos. E que permite o controle do esquema
Ricardo Teixeira-Marin na CBF, do "Caixa Dágua" no Rio de Janeiro, de
Nicolas Leoz e Jack Warner na Confederação Sulamericana e do Caribe.
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Esse
modelo é blindado pela aliança com grandes grupos de mídia, que ajudam a
consolidar o poder financeiro desses esquemas. Foi assim na tentativa
de moralizar o futebol e o campeonato com o Clube dos 13 e de abrir o
leilão para os direitos de arena (de transmissão). A Globo comprou o
apoio de dois clubes relevantes e esmagou a resistência.
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Os 7 x 1 da Alemanha sobre o Brasil talvez ajudem a abrir uma verdadeira discussão sobre o futebol.
Mais
do que nunca, o futebol necessita ser tratado como política pública, a
exemplo do que foi feito na Alemanha. Será necessário aprimorar a
regulação.
A
capacidade de perpetuação dos cartolas reside nos modelos de eleição e
na parceria com a Globo, para lhe assegurar o monopólio das transmissões
esportivas.
O arejamento do setor passa pelas seguintes medidas:
-
acabar com o monopólio das transmissões esportivas e com toda forma de abuso de poder;
-
mudar a lei que permite a eternização dos dirigentes, permitindo inclusive a criação de modelos de capital aberto;
-
enquadrar os clubes esportivos, visando a transparência e a solidez financeira;
-
uma ação pesada das autoridades contra as práticas criminosas comuns no setor, especialmente aquelas ligadas à lavagem de dinheiro.http://jornalggn.com.br/noticia/as-licoes-do-desastre-do-mineirao
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