12 de outubro de 2014 | 13:23 Autor: Miguel do Rosário
A velha roda das traições nunca pára.
Quando se deixa o ressentimento tomar conta da consciência política, a tendência, quase sempre, é dar a volta a si mesmo e se tornar o oposto de tudo que já se foi.
Foi assim com Carlos Lacerda.
Foi assim com Roberto Freire.
Foi assim com Marina Silva.
Marina Silva fez a sua vida política dentro do PT.
Teve solidariedade, apoio e recursos do partido, que a resgatou de um destino obscuro no longínquo Acre para uma trajetória brilhante: foi vereadora, deputada e, enfim, senadora.
Lula a faz ministra de Estado, coroando sua carreira.
Por que Marina entrou na política?
Ela o fez porque, junto com Chico Mendes, sentia que precisava lutar contra a opressão capitalista, que explora o trabalhador, que desmata florestas, que ignora as condições miseráveis do pobre, que usa o Estado apenas para beneficiar os ricos.
Lutando contra isso, ela entrou no PT, e o PT, quando chegou ao poder federal, iniciou os maiores programas sociais da história do nosso país, reduziu brutalmente o desmatamento da Amazônia, salvou a agricultura familiar do destino cruel que o neoliberalismo tentava lhe reservar.
Marina sequer nega isso, tanto que, em sua campanha, sempre elogiou as conquistas sociais do governo Lula.
Então o que faz Marina Silva agora apoiar Aécio Neves, representante do mais duro neoliberalismo?
Do neoliberalismo que oprimiu milhões de pessoas, não só no Brasil?
Simples, a sua opção segue a escala de seu ressentimento.
O TSE não aprovou a criação de seu partido?
Culpa no PT.
Não chegou ao segundo turno?
Culpa do PT.
Daí que, de candidata que tentou associar a si mesma aos protestos de junho, Marina agora se liga ao partido que defendeu abertamente a criminalização dos manifestantes.
Infelizmente, a política está cheia desses exemplos.
O poder de transferência de votos de Marina, porém, é perto do nulo, porque os eleitores antipetistas que migraram para Aécio, já estão na conta do tucano.
A mística de Marina assentava-se, justamente, em superar a polarização entre petistas e tucanos.
Alguém acima do bem e do mal.
Essa mística se quebrou.
Marina agora é mais uma política que fala uma coisa e faz outra.
A aliança com a direita consuma o seu fim.
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