Causou furor na Argentina a postagem feita pelo presidente Maurício Macri de seu cachorro Balcarce sentado no “sillón de Rivadávia”, móvel de dois séculos que é a cadeira histórica da Presidência argentina.
Cachorros e outros animais metidos na política e nas rotinas presidenciais não chegam a ser novidade. Obama, Dilma e a própria ex-presidenta portenha, Cristina Kirchner, já se deixaram fotografar com seus mascotes, como aliás muitos de nós já o fizemos.
Jamais, porém, nada parecido com isso. Para avaliar, basta que se imagine os “toscos” Nicolas Maduro ou Evo Morales sentando seus cachorros na cadeira presidencial, fazendo-os fotografar e espalhando no facebook? Não faltaria na imprensa quem pedisse até a interdição deles, não é?
Macri, porém, pode e até há quem aplauda um gesto que nada tem a ver com amor pelos animais, mas pela sua própria projeção política.
Ele já vinha ensaiando uma utilização mais que grosseira do cão como ferramenta de marketing, que o levou a “adotá-lo” no início da campanha presidencial.
Batizou o animalzinho de Balcarce, que é a rua onde fica a sede do governo argentino e, ainda filhote, exibiu-o dentro de uma “Casa Rosada” de brinquedo para assinalar onde ele passaria a morar.
A foto é acompanhada de uma legenda jocosa: “é o primeiro cão a chegar a este lugar na história argentina”.
Justifica que a foto do cachorro na cadeira presidencial é uma forma de mostrar “respeito pelos animais”.
É uma nova faceta do Sr. Macri, que até alguns anos enfrentava protestos dos defensores dos animais por prorrogar e depois renovar a concessão do Zoológico de Palermo, cheio de irregularidades e numa disputa que desconsiderou, segundo seus opositores, ” a melhor forma científica, educacional e modernização proposta para o jardim zoológico”.
A todo aí do lado é de uma delas, em outubro de 2012, quando foi feita a renovação da concessão do zoo, danificado pelo administrador privado, aliás o grupo do megabilionário Carlos Slim.
A classe média “chique” de Buenos Aires amou o gesto presidencial. O que são crianças miseráveis perto de um simpático cãozinho, não é? E o que é a história, o que são os fundadores da nação? Uma babaquice, não é?
Com o devido respeito ao Balcarce, que não tem nada com isso e está sendo usado como um objeto promocional, o arroubo marqueteiro de Macri, bem merecia a análise de um psicanalista, pelo que ele pode contar da personalidade presidencial.
Ou, pelos primeiros dias de seu mandato, atropelando o parlamento, nomeando juízes por decreto, fazendo a festa do mercado financeiro e revogando à força leis como a de medios, como tema para iniciar a discussão sobre quem deverá trazer a pazinha e o saquinho para sanear suas decisões.
E depois, “populista” é a esquerda, não é?
http://tijolaco.com.br/blog/macri-exibe-cachorro-na-cadeira-presidencial-e-caso-para-psicanalista/
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