segunda-feira, 14 de junho de 2010

Pegou Mal

Pegou mal


Carlos Chagas







Pegou mal no PT o pronunciamento de Michel Temer ao ser oficializado candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff. Porque diante das críticas de Roberto Requião, Pedro Simon e outros, a respeito da fraqueza e do papel desimportante do PMDB no processo político, o deputado extrapolou, dizendo que o partido não vai participar e sim governar o país, que não será coadjuvante e sim protagonista no futuro governo.



Como ficam a candidata e seu partido, mesmo não acreditando em condomínio do poder? No passado alguns vices criaram sérios problemas para os titulares, como Café Filho com Getúlio Vargas, João Goulart com Jânio Quadros e ainda recentemente Itamar Franco com Fernando Collor.



Estaria Michel Temer disposto a transformar o Palácio do Jaburu numa fortaleza capaz de lançar petardos sobre o Palácio da Alvorada? Ousaria impor ministros e reivindicar gordas fatias no governo? Dominaria o Congresso através da maioria que o PMDB certamente manterá na Câmara e no Senado?



Os vice-presidentes nem sequer são eleitos. Acompanham os candidatos a presidente como penduricalhos e, como regra, acomodam-se à sua sobra. Pode ter sido apenas uma reação emocional de Temer, agastado com os discursos agressivos de alguns companheiros. Ele nem sequer compareceu ao plenário da convenção de sábado enquanto Requião e Simon discursavam. Na véspera, havia faltado a um encontro com os dissidentes. Certamente sentiu-se agredido pelo fato de o ex-governador do Paraná haver registrado sua candidatura de protesto à presidência da República. O problema, porém, é que para defender-se, atropelou os aliados. Criou mal-estar.





Pausa oportuna





Dilma Rousseff embarca hoje à noite para a Europa. Será recebida pelos presidentes da França e de Portugal, além do primeiro-ministro da Espanha. Como regra essas viagens acontecem depois que o candidato é eleito, como fizeram Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves e outros. O dialogo com chefes de estado e de governo estrangeiros se fazia de igual para igual, mesmo antes da posse do visitante. Agora, é a candidata que se apresenta, sem a certeza da eleição.



Apesar do inusitado do périplo europeu, Dilma recolherá dividendos, menos por possíveis reflexos na política externa ainda dependente das urnas, mais para dar tempo a que se fechem os últimos acordos para as sucessões estaduais ainda enroladas, tudo a cargo do presidente Lula.



Perguntaram a José Serra se diante da viagem da adversária ao estrangeiro ele também não se animaria a pegar o avião, antes de outubro. Resposta: “terei tempo,depois de eleito…”

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