segunda-feira, 14 de junho de 2010
Petralhas e Tucanalhs.
Definitivamente me dei conta de que aqueles que não votam em Dilma, além de inserir-se no rol dos que desconhecem que é a escolhida de Lula para a disputa das eleições presidenciais, não votariam de maneira alguma nela, ainda que transformasse o Brasil em uma Pasárgada. E não o fariam por puro preconceito de classe, referente a Lula que a apóia, e de gênero porque Dilma é mulher. Outro dia caí na esparrela de comentar determinados textos publicados no blog de Noblat e o que presenciei foi de uma irracionalidade indescritível. Não se debate demonstrando prós e contras, comparando gestões ou expondo contradições de ambos os lados. Antes, há um frenesi de torcida organizada que chega às raias da insanidade. Estou convencido de que muito da apatia existente no eleitorado brasileiro se deve a esta postura radical que empana o essencial para o bom debate que é discutir gestão, programa de governo, idéias e até, por que não?, comparar currículos. O tiroteio verbal que domina o centro das atenções de quem está de lados opostos é de dá engulhos. O tratamento mais obsequioso navega pelos termos petralhas e tucanalhas. Se alguém se posiciona do lado que se situa Lula é um alienado, rendido a algum tipo de programa social do governo, levado a tal condição porque talvez faça parte da engrenagem que aparelha a máquina pública. Se for um jornalista é porque se vendeu, recebe algum benefico oculto do governo. É como se o eleitor de Lula não tivesse capacidade de dicernir que o país é outro em comparação com o governo anterior. Como se não tivesse havido nenhuma melhora na vida da população, embora as estatísticas estejam presentes para dirimir qualquer dúvida. Como se Lula fosse um guia espiritual conduzindo uma legião de fanáticos para algum abismo. Não estamos na luta do bem contra o mal, Deus contra Satanaz. Este maniqueísmo leva ao extremismo que por sua vez já provou ser no passado recente de extrema periculosidade para o regime democrático. O eleitor é pragmático. Se está empregado, de barriga cheia, satisfeito com a realidade presente, sua vida tornou-se mais cômoda e não deseja que haja retrocesso, por que deveria trocar tudo isso, se sabe de que origem veio, por uma aventura incerta, especialmente quando viveu os dois lados da moeda? É questão de coerência com os fatos. A discussão política tem de se pautar no campo das idéias e não nos ataques ad hominem, onde não se combate uma idéia mas a pessoa que a defende. Pelo menos eu sou um dos que defenderei aquilo que penso ao ponto de esgotamento, com a apresentação dos fatos nas mãos. O debate da rixa, da incontinência verbal, do dogmatismo ideológico e das vias de fato está fora. Sou militante das causas que defendo. Como um pregador que leva a mensagem do evangelho, não havendo ressonância, baterá os pés e invocará os ceús por testemunha de que a mensagem foi dada, ainda que não aceita. A política é o governo terreno de nossas vidas. Abrir mão de participar ativamente desse processo é dá um cheque em branco para que outros tomem decisões por mim sem eu ter dado permissão.
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