Carlos Newton
Depois de mais de uma semana de cuidadosa e minuciosa preparação de sua defesa, enfim o governador Sergio Cabral reapareceu para dar entrevista, mas apenas a um veículo, a Rádio CBN, da Organização Globo, que recebe mais de 50% da verba publicitária estadual. E declarações dele são espantosas e inacreditáveis, revelando uma desfaçatez invulgar e descomunal.
Simplesmente, disse que vai assumir o compromisso de rever seu comportamento e até criar um Código de Conduta que estabeleça limites para a relação entre o governador e empresários. É como se o governador lamentasse ter sido apanhado roubando, mas promete que daqui para a frente só continuará roubando muito na encolha, sem ser visto em público com seus cúmplices nessas empreitadas, digamos assim.
“Quero assumir o compromisso de rever minha conduta. Vamos construir um código juntos, vamos estabelecer os limites”, disse ele, sem que se saiba a que estava se dirigindo. E quer dizer que até agora não havia limites? “Tem um código nacional, se não me engano, feito no fim do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2002.
E deve haver estados em que há. Adoro Direito Comparado. Vamos ver o que há em outros estados do Brasil e no mundo. Enquanto eu for um homem público, tenho que respeitar a opinião pública, debater com a opinião pública. Sempre me submeti a isso, como deputado, senador e como governador. Não há nenhum problema nisso”.
Então, é preciso haver um Código para que o governador enfim saiba até onde pode ir sua intimidade com um empresário? Nosso dedicado governador vai mesmo pesquisar “nos outros estados, no Brasil e no mundo”, para aprender a se portar como um homem público? Será que ouvimos bem?
Caramba, trata-se de um governante que “adora Direito Comparado”, mas não sabe o que é certo e o que é errado; E agora, quando já está no segundo mandato como governador, agora é que ele vai discutir “novas regras sobre o assunto” com o secretário da Casa Civil, Régis Fichtner?
“Minha vida privada é uma coisa, minha vida pública é outra e nunca misturei isso”, disse ele, como se fosse normal um governador pedir emprestado um luxuoso avião ao mais rico empresário do país, convidar o empreiteiro que tem mais obras no Estado e seguirem juntos, com as famílias quase completas para um fim de semana prolongado, tudo grátis, num resort de altíssimo luxo.
A família do governador seguiu incompleta, mas a família do empreiteiro estava toda lá no jato, e Fernando Cavendish fez questão de convidar a própria cunhada, Fernanda Kfuri, para fazer companhia ao governador, que tinha acabado de romper com a esposa e se sentia por demais sozinho, vejam só quanta consideração, nem é preciso de Código de Conduta para atos como esses, que apenas revelam admiração e respeito entre amigos.
É claro que não há nada para esconder e são apenas bons amigos, como o governador Sergio Cabral fez questão de destacar. “É um absurdo querer vincular qualquer elo de amizade entre mim e o Fernando, que é anterior ao meu mandato, com o crescimento da empresa (Delta Construções). Jamais tomei qualquer decisão que envolva dinheiro público com base em questões pessoais”.
Cabral negou que suas relações pessoais com o presidente da Delta tenham influenciado no aumento de contratos da construtora com o governo do estado nos anos de sua gestão – apenas no último ano, o crescimento foi de 655%.
Ficou claro, com a entrevista do governador, que é tudo coincidência. Só em 2011, um quarto dos contratos de obras com a Delta, no valor de R$ 58 milhões, foi feito sem concorrência pública. Mas é só coincidência, e só deu essa confusão toda por causa da falta de um Código de Conduta.
Vamos ficar por aqui, mas logo voltaremos, com alguma sugestões para o governador incluir nesse tal Código de Conduta, que será fundamental para o futuro da política brasileira. Se já existisse, por exemplo, nada teria acontecido ao ex-ministro Antonio Palocci. Pensem nisso.
Depois de mais de uma semana de cuidadosa e minuciosa preparação de sua defesa, enfim o governador Sergio Cabral reapareceu para dar entrevista, mas apenas a um veículo, a Rádio CBN, da Organização Globo, que recebe mais de 50% da verba publicitária estadual. E declarações dele são espantosas e inacreditáveis, revelando uma desfaçatez invulgar e descomunal.
Simplesmente, disse que vai assumir o compromisso de rever seu comportamento e até criar um Código de Conduta que estabeleça limites para a relação entre o governador e empresários. É como se o governador lamentasse ter sido apanhado roubando, mas promete que daqui para a frente só continuará roubando muito na encolha, sem ser visto em público com seus cúmplices nessas empreitadas, digamos assim.
“Quero assumir o compromisso de rever minha conduta. Vamos construir um código juntos, vamos estabelecer os limites”, disse ele, sem que se saiba a que estava se dirigindo. E quer dizer que até agora não havia limites? “Tem um código nacional, se não me engano, feito no fim do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2002.
E deve haver estados em que há. Adoro Direito Comparado. Vamos ver o que há em outros estados do Brasil e no mundo. Enquanto eu for um homem público, tenho que respeitar a opinião pública, debater com a opinião pública. Sempre me submeti a isso, como deputado, senador e como governador. Não há nenhum problema nisso”.
Então, é preciso haver um Código para que o governador enfim saiba até onde pode ir sua intimidade com um empresário? Nosso dedicado governador vai mesmo pesquisar “nos outros estados, no Brasil e no mundo”, para aprender a se portar como um homem público? Será que ouvimos bem?
Caramba, trata-se de um governante que “adora Direito Comparado”, mas não sabe o que é certo e o que é errado; E agora, quando já está no segundo mandato como governador, agora é que ele vai discutir “novas regras sobre o assunto” com o secretário da Casa Civil, Régis Fichtner?
“Minha vida privada é uma coisa, minha vida pública é outra e nunca misturei isso”, disse ele, como se fosse normal um governador pedir emprestado um luxuoso avião ao mais rico empresário do país, convidar o empreiteiro que tem mais obras no Estado e seguirem juntos, com as famílias quase completas para um fim de semana prolongado, tudo grátis, num resort de altíssimo luxo.
A família do governador seguiu incompleta, mas a família do empreiteiro estava toda lá no jato, e Fernando Cavendish fez questão de convidar a própria cunhada, Fernanda Kfuri, para fazer companhia ao governador, que tinha acabado de romper com a esposa e se sentia por demais sozinho, vejam só quanta consideração, nem é preciso de Código de Conduta para atos como esses, que apenas revelam admiração e respeito entre amigos.
É claro que não há nada para esconder e são apenas bons amigos, como o governador Sergio Cabral fez questão de destacar. “É um absurdo querer vincular qualquer elo de amizade entre mim e o Fernando, que é anterior ao meu mandato, com o crescimento da empresa (Delta Construções). Jamais tomei qualquer decisão que envolva dinheiro público com base em questões pessoais”.
Cabral negou que suas relações pessoais com o presidente da Delta tenham influenciado no aumento de contratos da construtora com o governo do estado nos anos de sua gestão – apenas no último ano, o crescimento foi de 655%.
Ficou claro, com a entrevista do governador, que é tudo coincidência. Só em 2011, um quarto dos contratos de obras com a Delta, no valor de R$ 58 milhões, foi feito sem concorrência pública. Mas é só coincidência, e só deu essa confusão toda por causa da falta de um Código de Conduta.
Vamos ficar por aqui, mas logo voltaremos, com alguma sugestões para o governador incluir nesse tal Código de Conduta, que será fundamental para o futuro da política brasileira. Se já existisse, por exemplo, nada teria acontecido ao ex-ministro Antonio Palocci. Pensem nisso.
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