Para depender menos dos bancos e tentar pagar juros mais baixos na rolagem da dívida pública, governo intensifica negócios com entidades de previdência. Tesouro Nacional já vendeu neste ano R$ 34 bilhões em títulos para as entidades, cinco vezes mais do que para instituições financeiras. Segundo estrategista do Tesouro, dívida está "concentrada demais" nos bancos. Com Dilma, débito federal total em títulos públicos já cresceu R$ 62 bilhões e atingiu R$ 1,6 trilhão em maio.
André Barrocal
BRASÍLIA – A dívida do governo federal em títulos públicos negociados com o chamado “mercado” dentro do Brasil cresceu R$ 62 bilhões na gestão Dilma Rousseff. No fim de maio, somava R$ 1,665 trilhão, informou nesta terça-feira (21/06) a Secretaria do Tesouro Nacional, responsável por administrá-la.
A evolução da dívida em 2011 tem tido um comportamento diferente, quando se observa o dono da fatura. Ou seja, quem tira proveito das vantagens de ser credor e de poder de dizer ao endividado quanto quer ganhar para rolar a dívida no vencimento do papagaio.
Para depender menos dos bancos, os principais credores, e com isso tentar pagar juros mais baixos na rolagem, o Tesouro tenta fazer cada vez mais negócios com entidades de previdência. Sobretudo fundos de pensão de estatais, dirigidos muitas vezes por indicados do governo.
Dos R$ 62 bilhões em dívida nova feita pelo Tesouro em 2011, mais da metade (R$ 34 bilhões) tinha na outra ponta uma entidade previdenciária como cliente. No fim de maio, nenhum credor tinha aumentado tanto sua fatia na dívida. Hoje, aquelas entidades são credoras de 15,7% do débito (eram de 14,21% em dezembro).
O montante negociado pelo governo com o setor previdenciário este ano é quase cinco vezes maior do que os contratos novos fechados com bancos e instituições financeiras em geral (corretoras e distribuidoras de valores).
Estratégia: menos concentração
O coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Otávio Ladeira, tem feito reuniões periódicas com entidades de previdência para incentivá-las a entrar mais no jogo da dívida. “Temos tido sucesso. Precisamos ampliar a base de investidores”, afirma.
Segundo Ladeira, quanto mais dívida em poucas mãos, pior para o setor público. O poder de barganha para negociar juros menores diminui. Para ele, há “concentração demais” de dívida nos bancos, especialmente nos grandes.
Hoje, bancos e instituições financeiras controlam 30,14% dos títulos públicos. Um pouco menos do que em dezembro de 2010 (30,85%). De janeiro a maio, a dívida federal com eles subiu R$ 7 bilhões.
Nos negócios com fundos de investimento, aconteceu o mesmo. A dívida controlada por eles subiu R$ 7 bilhões em 2011. Mas a participação do setor no bolo total da dívida teve ligeira queda (de 25,71% para 25,21%). Os fundos são o segundo maior credor federal.
Para tentar enfrentar um pouco da gula das instituições financeiras brasileiras, o governo já havia buscado fazer mais negócios com estrangeiros. Na visão do Tesouro, o capital externo aceitaria juros menores porque o lucro no Brasil supera tanto o obtido em qualquer outro lugar, que, ainda assim, vale a pena investir aqui.
Essa política começou em 2006, quando o governo isentou de imposto de renda o lucro dos estrangeiros com títulos públicos. De lá para cá, a participação deles no total da dívida avançou sem parar. Ao fim de maio, estava em 11,45%, depois de aumentar em R$ 8 bilhões desde janeiro.
A evolução da dívida em 2011 tem tido um comportamento diferente, quando se observa o dono da fatura. Ou seja, quem tira proveito das vantagens de ser credor e de poder de dizer ao endividado quanto quer ganhar para rolar a dívida no vencimento do papagaio.
Para depender menos dos bancos, os principais credores, e com isso tentar pagar juros mais baixos na rolagem, o Tesouro tenta fazer cada vez mais negócios com entidades de previdência. Sobretudo fundos de pensão de estatais, dirigidos muitas vezes por indicados do governo.
Dos R$ 62 bilhões em dívida nova feita pelo Tesouro em 2011, mais da metade (R$ 34 bilhões) tinha na outra ponta uma entidade previdenciária como cliente. No fim de maio, nenhum credor tinha aumentado tanto sua fatia na dívida. Hoje, aquelas entidades são credoras de 15,7% do débito (eram de 14,21% em dezembro).
O montante negociado pelo governo com o setor previdenciário este ano é quase cinco vezes maior do que os contratos novos fechados com bancos e instituições financeiras em geral (corretoras e distribuidoras de valores).
Estratégia: menos concentração
O coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Otávio Ladeira, tem feito reuniões periódicas com entidades de previdência para incentivá-las a entrar mais no jogo da dívida. “Temos tido sucesso. Precisamos ampliar a base de investidores”, afirma.
Segundo Ladeira, quanto mais dívida em poucas mãos, pior para o setor público. O poder de barganha para negociar juros menores diminui. Para ele, há “concentração demais” de dívida nos bancos, especialmente nos grandes.
Hoje, bancos e instituições financeiras controlam 30,14% dos títulos públicos. Um pouco menos do que em dezembro de 2010 (30,85%). De janeiro a maio, a dívida federal com eles subiu R$ 7 bilhões.
Nos negócios com fundos de investimento, aconteceu o mesmo. A dívida controlada por eles subiu R$ 7 bilhões em 2011. Mas a participação do setor no bolo total da dívida teve ligeira queda (de 25,71% para 25,21%). Os fundos são o segundo maior credor federal.
Para tentar enfrentar um pouco da gula das instituições financeiras brasileiras, o governo já havia buscado fazer mais negócios com estrangeiros. Na visão do Tesouro, o capital externo aceitaria juros menores porque o lucro no Brasil supera tanto o obtido em qualquer outro lugar, que, ainda assim, vale a pena investir aqui.
Essa política começou em 2006, quando o governo isentou de imposto de renda o lucro dos estrangeiros com títulos públicos. De lá para cá, a participação deles no total da dívida avançou sem parar. Ao fim de maio, estava em 11,45%, depois de aumentar em R$ 8 bilhões desde janeiro.
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