A queda do ministro dos transportes revela que não há mais disposição entre os formadores de opinião (tradicionais ou alternativos) de tolerar esta cultura, tão enraizada em nossa sociedade, que faz o ocupante de cargo público achar que tem direito de trabalhar em proveito próprio. O espírito republicano exige que tenhamos com o bem público um compromisso que vai além dos nossos interesses particulares e quase sempre tão vis e mesquinhos.
Quando digo que é algo enraizado, tenho exemplos. No condomínio em que moro, o síndico decidiu deixar o cargo, depois de cinco anos no poder. Ninguém queria assumir a bucha. Um aposentado recém chegado aceitou e foi eleito por aclamação. Aos poucos os problemas começaram. Numa das reuniões ele chegou a ser confrontado, mas os estatutos... Ah os estatutos...
Quando surge uma denúncia contra um servidor público é comum que ele tente desqualificar o acusador. Claro que quem o acusa tem interesses na denúncia. Age quase sempre movido ou por vingança, ou por um sentimento de justiça que de nobre tem apenas a luta partidária pelo poder. A ética, a moral e o interesse público servem apenas para edulcorar o discurso.
Os jornalistas sabem disso tudo, mas raramente relativizam os interesses em jogo. É que aqui o que importa são as ambições profissionais: o furo, a relevância, a projeção pessoal. É claro que as denúncias envolvendo a pasta dos transportes partiram dos que tiveram seus interesses contariados anteriormente. Ora, se antes foi um partidário do PT que caiu, agora, faz todo o sentido que ele seja da base aliada, preferencialmente de uma legenda de aluguel.
Com isso, as crises se sucedem e, ao se sucederem, vão abrindo espaço para que os verdadeiros servidores públicos imponham seus metodos de gestão e controle, o que para nós, apesar da aura de aparente descontrole é muito bom. Cá entre nós, a Dilma tá adorando esse negócio.
Extraido do blog de Marco Aurellio Melo
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