06/07/2011
Diretor-geral do Dnit, afastado por Dilma, evita falar como demissionário mesmo após saída de ministro e repete que Casa Civil o orientou a tirar férias
Folhapress
O diretor-geral do Dnit, Luiz Pagot, disse na tarde desta quarta-feira ao blog que vai “aguardar instruções” sobre seu futuro no órgão após a demissão do ministro Alfredo Nascimento (Transportes), repetiu que só saiu de férias por aconselhamento da Casa Civil e reiterou que pretende ir ao Congresso para prestar contas de sua atuação no órgão.
Pagot foi afastado por decisão da presidente Dilma Rousseff depois de acusações de favorecimento a empreiteiras e cobrança de comissões na pasta e no Dnit para favorecer o PR, partido ao qual o executivo e o ex-ministro são filiados.
“Fiquei esperando ser convocado para conversar [pelo ministro] e recebi uma notificação da Casa Civil: ’cumpra suas férias e aguarde’. Foi um assessor da ministra e eu confiei na orientação dele. Somos um time. Não precisava a ministra me falar. Entendo que é uma ordem que veio do Palácio”, disse ele ao blog, por telefone.
Ele afirmou que fez um pedido, em novembro, para fracionar as férias em dois períodos. Depois, em junho, pediu uma antecipação das férias para julho, por conta de um tratamento médico. “Estou muito debilitado. Estive dez dias internado no [hospital Albert] Einstein, com diabetes, pressão alta. Tenho de fazer duas horas de fisioterapia por dia, por causa do meu joelho.Não estava conseguindo isso, porque trabalho de forma insana”, afirmou.
Pagot afirmou que se preparava para sair de férias quando o então ministro Alfredo Nascimento lhe telefonou no domingo e disse que iria afastá-lo temporariamente do cargo. “Ele me disse para ir ao Dnit e aguardar.”
O diretor nega que tenha assinado documentos na segunda-feira, o que foi considerado uma afronta à decisão de Dilma. ‘Assinei documentos na sexta-feira, 1º de julho, é só ver a lista de acompanhamento de documentos. O que é remetido depois das 14h é publicado um dia depois”, justificou.
Mesmo após a demissão de Nascimento, Pagot evita falar como ex-diretor do Dnit. “Estamos tocando 1.156 contratos de obras e serviços. Mandei uma série de sugestões sobre como melhorar nosso serviço. Vou aguardar”, afirmou.
Ele nega que tenha havido ingerência política no órgão que comanda desde 2007, e cita os vários mecanismos de controle aos quais o Dnit está vinculado. “Nós trabalhamos sempre com uma pressão danada. O Dnit é muito grande, tem obras em todo o Brasil. Tem 5 mil funcionários, 23 superintendências, 114 unidades locais, 8 administrações rodoviárias, um orçamento previsto superior a R$ 50 bilhões até 2014”, afirmou.
“Este ano mesmo temos, entre restos a pagar e orçamento, mais de R$ 20 bilhões. Pagamos mais de R$ 1 bilhão todo mês. É um negócio muito grande. Temos três tipos de auditorias ordinárias: auditoria interna, auditorias do CGU _que abre no mínimo 300 ordens de serviço no Dnit por ano_ e temos o TCU, que abre 50 a 60 ordens de serviço por ano. São mais de 400 processos auditados por ano”, afirmou.
Diz que, apesar de todos os mecanismos de controle, o órgão está sujeito a desvios, dado seu tamanho. “Quem faz malfeito que pague pelo malfeito. Uma vez que tomo conhecimento do fato vou às últimas consequências”, afirmou.
Ele negou que trate com a cúpula do partido sobre pleitos para aliados políticos e negou o envolvimento em cobrança de propina nas obras do Dnit. “Isso já rechacei. Não trato com a cúpula do partido. Reuniões do partido me lembro de ter ido a uma na Câmara há dois anos, quando o partido lançou algumas bandeiras. O que o partido faz é responsabilidade do partido.”
Atribui as acusações contra ele a supostos interesses contrariados, mas não diz de quem. “Minha sabatina já contrariou muitos interesses. Tinha vários grupos que não queriam que eu entrasse no Dnit. Muita gente não se conformava com a minha administração.”
“Estou confiante de ter feito uma boa administração. Estou trabalhando com os recursos que me deram”, disse o diretor afastado.
Ele nega influência do deputado Valdemar Costa Neto (SP) no Dnit. “Valdemar é um líder do partido. Frequento audiências que eles marcam com interesses específicos. Às vezes traz um prefeito junto, um governador junto. Mas não vai ao Dnit mais do que outros parlamentares, até de outros partidos”, disse.
Sobre o futuro após a saída de Nascimento, Pagot repete: “Vou aguardar instruções”. Ele diz que deve depor em alguma comissão no Congresso na semana que vem.
Escrito por Vera Magalhaes às 18h01
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