Nesta manhã, o Brasil 247 já noticiava a indignação de parte do PT com a Operação Voucher, que prendeu 35 no Turismo. Em menos de um dia, um juiz pede afastamento, o diretor-geral da PF é questionado pelo ministro da Justiça e 18 são soltos
247 - Não durou um dia. Quando parecia que as megaoperações da Polícia Federal (PF) estavam de volta, o governo reagiu à prisão de 35 funcionários do Ministério do Turismo e os rumos da Operação Voucher mudaram. Dezoito dos suspeitos já foram soltos, o juiz que ordenou os mandados de busca e apreensão deixou o inquérito e o ministro da Justiça determinou que o diretor-geral da PF explique a utilização de algemas durante a operação.
O tom da mudança de rumo no caso do Turismo foi adiantado no início da manhã pelo Brasil 247, por meio das palavras do advogado e ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh. "É a volta da polícia política", disse ao 247 o ex-deputado, uma referência jurídica do Partido dos Trabalhadores. "A meu ver, o ministro José Eduardo Cardozo não sabia da dimensão da operação, as informações repassadas à presidente Dilma foram superficiais e as provas parecem ser inconsistentes", completou Greenhalgh.
Diante do incômodo dos petistas e da presidente Dilma Rousseff -- que já enfrentava problemas demais para administrar crises em dois ministérios -- Cardozo foi provocado a tomar uma atitude, ainda que tardia. No início de seu mandato, Dilma teve uma conversa com o ministro da Justiça e definiu que todas as operações da PF com repercussões políticas passariam antes pela mesa dela. No caso da Operação Voucher, Dilma parece ter levado uma bola nas costas. Daí a reação do governo, que já libertou 18. Até quando os outros 17 ficarão presos é a pergunta que se impõe.
Confira reportagem sobre as reações desta quarta-feira à Operação Voucher:
Evam Sena_247, Brasília – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou nesta quarta-feira, 10, que o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Leandro Coimbra, esclareça "em caráter de urgência" o uso de algemas na Operação Voucher, que prendeu ontem 35 pessoas envolvidas em denúncias de corrupção no Ministério do Turismo, comandado pelo PMDB.
Entre os detidos estão o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, o secretário de Desenvolvimento de Programa de Turismo. Colbert Martins e o ex-secretário-executivo Mário Moyses. Na avaliação do Palácio do Planalto, a ação da PF foi "atabalhoada" e "exagerada".
O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), membro licenciado do Ministério Público de Goiás, apontou “contrassenso” entre o número de pessoas presas e o valor supostamente desviado. “Se o desvio foi de R$ 3 mil, não chega a 30 mil por pessoa por ano. Pelos padrões de corrupção fica difícil acreditar que todos estão envolvidos”, disse.
Deputados e senadores do PT e PMDB alegaram abuso de poder político pelo Judiciário e pelo Ministério Público e saíram em defesa de alguns dos envolvidos presos. Demóstenes não quis comentar a acusação do ex-deputado federal petista Luiz Eduardo Greenhalgh, de politização da Polícia Federal, mas opinou que o tamanho descabido da operação indica segunda intenções do governo.
“Uma operação desse tamanho só se faz com aval da presidente e do ministro da Justiça. As prisões foram determinação da Justiça, mas é fato que a presidente sabia”, afirmou o democrata.
Já para o senador Pedro Taques (PDT-MT), ex-procurador da República, o governo tenta, com os questionamentos sobre trapalhadas na Operação Voucher, afastar o foco das denúncias de corrupção.
“Questionar o uso de algemas é uma desculpa para desviar da corrupção. Para mim, este não é o tema central. É a mesma coisa que pegar a mulher traindo e vender o sofá”, disse o senador com reconhecido trabalho em combate ao crime organizado a à lavagem de dinheiro.
Taques nega que tenha havido excesso na deflagração. “Quem determina [as prisões] não é a PF e sim o Juiz. E eu confio na Justiça. O inquérito leva a isso e as buscas e apreensões também”, disse o pedetista.
Juiz deixa inquérito
O juiz federal Anselmo Gonçalves da Silva, que ordenou os mandados de busca e apreensão da Operação Voucher, deixou o inquérito e será substituído pelo juiz substituto Mauro Henrique Vieira. A 1ª Vara da Seção Judiciária do Estado do Amapá justificou a mudança como um procedimento administrativo normal, dizendo que os processos terminados em números ímpares geralmente são distribuídos ao juiz substituto, mas que o cargo estava vago até a semana passada.
É mais fácil acreditar nisso ou na possibilidade de o juiz Anselmo Gonçalves da Silva não ter suportado a pressão por investigar PT e PMDB, os principais partidos do governo?
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