quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Mubarak se declara inocente e julgamento é adiado para o dia 15

 

O ex-presidente egípcio e seus filhos são julgados por desvio de dinheiro público e pelo assassinato de 850 manifestantes durante os protestos de janeiro e fevereiro

AFP

O ex-presidente egípcio Hosni Mubarak e seus filhos Alaa e Gamal, acusados de envolvimento na morte de manifestantes e de corrupção, se declararam inocentes no Tribunal Penal do Cairo que começou a julgá-los nesta quarta-feira (2) e que pouco depois adiou o processo para 15 de agosto.

O presidente do tribunal, Ahmed Rafaat, ordenou que o ex-presidente egípcio permaneça em um hospital próximo do Cairo até a próxima audiência. "Nego completamente as acusações", declarou Mubarak, que compareceu ao tribunal em uma maca, antes que seus filhos, acusados pelos mesmos crimes, tomassem a palavra para igualmente rejeitar as acusações.

A Promotoria acusou Mubarak de ter concluído um acordo com o ex-ministro do Interior Habib el-Adli, que também está no banco dos réus, para matar "de maneira premeditada" os manifestantes que em janeiro e fevereiro protestaram contra o regime no Cairo e em várias províncias egípcias.

Além disso, a Promotoria acusou Alaa e Gamal Mubarak de corrupção. No momento de tomar a palavra para negar as acusações, os filhos de Mubarak seguravam um livro, provavelmente um exemplar do Alcorão. Pálido, vestido de branco, Mubarak conversou com os filhos Alaa e Gamal, que aparentavam tranquilidade e também estavam vestidos de branco, a roupa regulamentar dos acusados que ainda não foram condenados.

O presidente do Tribunal Penal do Cairo pediu "silêncio total" durante a audiência e ameaçou expulsar do local qualquer pessoa que não obedecesse suas instruções. A audiência foi exibida ao vivo pela televisão estatal egípcia. Os 10 acusados são julgados por desvio de dinheiro público e pelo assassinato de 850 manifestantes durante os protestos de janeiro e fevereiro.
 
 
 
Outro réu, o empresário Hussein Salem, ligado aos Mubarak, é julgado à revelia. Desde junho ele está em prisão preventiva na Espanha por suspeita de lavagem de dinheiro, fraude, suborno, calote e corrupção. Se Mubarak for considerado culpado das acusações de assassinato de manifestantes, pode ser condenado à pena de morte.

Saúde

O advogado do ex-presidente, Farid al-Dib, pode alegar que o cliente está muito enfermo para ser julgado e que não autorizou a repressão.



Al-Dib afirmou que Mubarak sofre de câncer e, na semana passada, que estava em coma, o que foi negado pelo hospital. Um de seus médicos afirmou à AFP que o ex-presidente se encontra em situação relativamente estável, mas frágil, já que se recusa a aceitar alimentação, e deprimido.

Mubarak deixou o hospital de Sharm el-Sheikh, onde cumpria a prisão preventiva desde abril em consequência de problemas cardíacos, na manhã desta quarta-feira em uma ambulância. Diante do tribunal, centenas de pessoas, incluindo parentes de vítimas da repressão, acompanhavam em silêncio a audiência, que contou com um forte esquema de segurança.

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