domingo, 4 de setembro de 2011

"Dilma é suja". Quem diz? O "limpo" Sérgio Guerra

                           

Foto: AGÊNCIA ESTADO

 

 

Presidente do PSDB, Sérgio Guerra, rebaixa o debate político e parte para a agressão direta contra Dilma Rousseff. Mas eis o currículo de Guerra: ex-diretor de banco liquidado, “anão” do orçamento e hoje criador de cavalos árabes



04 de Setembro de 2011 às 17:11
247 – Com a “faxina” colocada em banho-maria pelo Palácio do Planalto e diagnosticada pelo PT em seu último Congresso como uma conspiração midiática para dissolver a base de sustentação do governo, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, decidiu trazer o tema de volta à baila. E, como a faxina não prossegue, agora seria a própria presidente Dilma Rousseff quem estaria “suja”, de acordo com o líder tucano.

Foi isso o que Guerra disse em entrevista ao jornalista Fabio Campana, um dos blogueiros políticos mais influentes do Paraná – e também do País. Leia trechos abaixo:

- Falta rumo à oposição?

Guerra – Não. A oposição define seus rumos. Falta rumo ao governo. Pode faltar à oposição, numa ou noutra circunstância, senso de oportunidade. O PSDB é recorrente nisso.

- Como assim?

Guerra – Às vezes o partido tem dificuldade de se apropriar das oportunidades.
- Isso ocorre em relação a Dilma?

Guerra – Num primeiro momento, a presidente fez uma intervenção no Ministério dos Transportes. Reagiu à imprensa. Vacilou, mas interveio para melhorar a pasta. Temos tranqulidade para elogiar. Mas o gesto não foi desenvolvido. Não chegou aos outros ministérios. O do Planejamento, por exemplo, tem participação na desordem dos Transportes.
- Refere-se a Paulo Bernardo?

Guerra – O Planejamento, na época em que era gerido por ele, autorizou recursos para aditivos contratuais inexplicáveis ou viciados. Dilma silenciou, protegeu. Ficou claro que não agiria contra o PT.

Qual a diferença entre o modelo que vigorou na Era FHC e o atual?

Guerra – O nosso governo era muito mais saudável. O PSDB tinha saúde. O DEM trabalhava de forma adequada. E havia muita gente que contribuía com o governo movido pelo interesse público. De lá pra cá, a política só piorou, graças sobretudo ao Lula, que passou por cima de instituições e confraternizou com malfeitores. Distribuem dinheiro na véspera, para ganhar a votação do dia seguinte. A corrupção explode e dizem que agora tem mais investigação. Balela.

- É mais difícil fazer oposição a Dilma do que a Lula? Guerra – Não. A Dilma não vai terminar bem o governo dela. Centraliza tudo e decide pouco. Quando decide, age emocionalmente e erra. Não tem liderança. A ideia de que é boa gerente é falsa. Vai naufragar do ponto de vista administrativo e político.

- Acha, então, que Dilma não se reelege?

Guerra – Minha impressão é de que o Lula vai se candidatar. É a principal hipótese. E o Lula terá de explicar o fracasso dela, que tem origem nele. A Dilma está suja, mas quem sujou ela? Não fomos nós.
- Em que se baseia para dizer que a Dilma está suja? Guerra – Os desmandos que estão aí vem da gestão anterior. Ela era gerente e não gerenciou.

Em tempo: o “limpo” Sergio Guerra foi diretor de um banco liquidado pelo BC (o Novo Rio) e personagem proeminente do escândalo dos “anões do orçamento”. Terminou inocentado e não foi cassado porque, entre outras coisas, é amigo do senador petista Aloizio Mercadante – os dois, por sinal, são amigos do empresário Benjamin Steinbruch. Além de presidente do PSDB, Guerra é hoje um próspero criador de cavalos árabes. Antes de ser tucano, foi secretário de Miguel Arraes, com quem rompeu. Arraes dizia: “É uma das pessoas mais inteligentes que conheci, mas, se caráter pagasse imposto, ele teria direito a restituição”.

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