Haddad ganha poderosa CNB e dribla Marta no PT
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Maior corrente do PT, que tem Lula e Dilma, fecha apoio ao ministro da Educação na disputa pela Prefeitura de SP; senadora fica isolada e já se busca “saída honrosa”; rolo compressor vai massacrar prévias; 247 adiantou o lance; Haddad está pimpão!
247 – Maior ala do PT, da qual o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff são integrantes, a Construindo um Novo Brasil desfechou ontem um duro golpe contra a pré-candidatura da senadora Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo ao aderir integralmente ao nome do ministro da Educação, Fernando Haddad. A possibilidade de realização de prévias dentro do partido para a escolha do candidato também ficou mais remota, apesar de estarem marcadas para o dia 27 de novembro. Com o posicionamento da corrente, que controla 60% do Diretório Nacional do PT e 30% do Diretório Municipal da legenda, a decisão pela consulta às bases deverá ser anulada.
Sob forte influência de Lula, que lançou e carrega a candidatura Haddad por onde vai, a CNB fez reunião ontem pela manhã para se definir diante da disputa. O ministro fez um discurso na medida certa para os ouvidos de seus interlocutores, chamando a CNB de “centro gravitacional” do PT. Ele próprio é integrante da ala Mensagem ao Partido, da qual fazem parte o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo. O momento decisivos, na reunião, foi o convencimento do deputado Ricardo Berzoini, que estava reticente em apoiar Haddad, mas acabou cedendo. O próprio Lula, agora, pretende liderar a campanha interna contra prévias no PT.
Os adversários de Haddad já reconheceram que ele ganhou uma vantagem difícil de ser superada, com a decisão de apoio da CNB. “É um passo importante para a candidatura dele”, reconheceu a Bernardo Melo Franco, da Folha de S. Paulo, o pré-candidato Carlos Zaratini. A senadora Marta Suplicy ainda não se manifestou.
Leia abaixo, reportagem de 247 "Marta contra Todos para barrar operação Haddad", publicada em 16 de setembro:
Marco Damiani_247 – A julgar pelas pesquisas, o PT terá uma eleição com grandes chances de vitória em São Paulo, em outubro do próximo ano, a partir de uma candidata favorita. Mas também pelo que mostram os levantamentos de opinião, o PT poderá largar na última fila, com um verdadeiro azarão que jamais disputou um cargo público pelo voto.
Entre esses extremos, o partido está sendo levado a escolher a segunda opção. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vacila um segundo em manifestar e reafirmar seu apoio ao ministro Fernando Haddad, dono de 2% de intenções de voto no último Datafolha, sem qualquer sinal de ceder à pré-candidata Marta Suplicy, senadora eleita no ano passado, ex-prefeita e senhora de 31% no mesmo levantamento.
“Você é mais importante no Senado”, disse Lula a Marta, no único diálogo travado entre os dois nos últimos meses, em seu escritório no Instituto da Cidadania, quando ouviu da senadora a disposição dela de ir até o fim em sua intenção de concorrer à Prefeitura.
Hoje, Lula carrega seu candidato Haddad a tiracolo na festa, às 17h00, dos cinco anos de inauguração da Universidade do ABC. Três semanas atrás, ele esteve com o ministro num encontro de outro tipo. Na casa do empresário Josué Gomes da Silva, em São Paulo, o ex-presidente foi o centro de uma reunião com cerca de 20 empresários, aos quais apontou Haddad como o homem a ser apoiado. Política e financeiramente. A Josué, filho do ex-vice-presidente José Alencar, morto este ano, Lula demonstrou sua vontade de tê-lo como vice na chapa de Haddad. Seria a repetição do modelo que, com ele, deu certo: um petista na cabeça, um empresário para ampliar o eleitorado natural do partido. Até aqui, porém, o presidente da Coteminas declina da ideia.
Todos esses movimentos ainda não fizeram Haddad decolar, mas é certo que estão testando ao limite o ânimo e a capacidade de reação de Marta. “Já vi Lula virar resultados de encontros do PT apenas tendo de chamar prefeitos de lado para trocar votos que pareciam cristalizados”, lembra Marta quando está entre os seus correligionários. “Ninguém pode com a força e o prestígio de Lula dentro do partido, mas a questão é que eu nunca estive tão bem como agora, tanto em vontade como em apoio da população, além de ter uma obra a apresentar”, completa ela.
Com efeito, além de liderar todas as pesquisas, em todas as simulações possíveis e, ainda, apresentar uma taxa de rejeição menor do que a costumeira, Marta é vista como uma super star dentro de seu próprio partido. Nos encontros que a legenda está desenvolvendo com a militância nos bairros da capital, ela é sempre a mais aplaudida, disputada para conceder autógrafos e tirar fotografias. Mas isso pode não adiantar nada, reconhecem os que trabalham pela candidatura da prefeita. A própria Marta duvida de suas chances nas prévias já marcadas pela direção do PT.
É a presidente Dilma que poderá atuar como aliada de Marta em seu desejo de obter a candidatura. “Faça o que for melhor para você, mas tenha atenção ao Lula”, disse Dilma à senadora quando Marta levou a ela o desejo de concorrer. Agora, porém, essa frase dúbia é pouco para as necessidades da pré-candidata. Marta olha para o seu lado e não vê aliados que possam conter o desejo de Lula por Haddad. Um deles, o líder do governo na Câmara, Cândido Vacarezza, se esforça para ajudá-la, mas igualmente começa a se pronunciar à maneira em cima do muro, sem se comprometer demais com ela. O ex-secretário geral José Dirceu, certamente o político mais influente, depois de Lula, dentro do PT, há pouco tempo nem considerava Marta como pré-candidata. O presidente da legenda, Rui Falcão, principal auxiliar de Marta em sua gestão municipal e candidato a seu vice na derrotada campanha de reeleição, igualmente não pode lhe dar apoio. Afinal, como presidente da legenda, terá de exercer o velho e confortável papel de magistrado. Os que sempre lhe fizeram oposição interna, em contrapartida, já saem a campo com desenvoltura. “A experiência de Lula em eleições tem de ser levada em consideração”, disparou o ministro Aluizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia, ao comentar o Datafolha que dava Marta estourada. Em 2010, quando concorreu ao governo estadual, Mercadante afastou-se de Marta e orientou seu grupo a jogar mais tintas na candidatura de Netinho de Paula, do PCdoB, em lugar de realçar a nominada pelo seu partido. “A verdade é que Marta ganhou a eleição para o senado praticamente sozinha”, diz um interlocutor da pré-candidata.
Além de recorrer a Dilma, mas sem criar o constrangimento de contrapor a presidente a Lula, Marta pretende divulgar a ideia da confecção de um amplo programa de governo, aberto a contribuições da sociedade, de modo a ampliar seu lastro social. Ela vem sendo aconselhada a carregar a bandeira da conciliação e da unidade para anular o esforço lulista de emplacar Haddad. No entanto, quando apresentado a essa estratégia, o ex-tesoureiro do PT e raposa felpuda do partido Delúbio Soares abriu um sorriso. Como amigo de Marta, ele disse: “Esqueçam esse negócio de unidade, o PT é um partido de briga. Se quiserem vencer, tem de ir ‘pro pau’”. Será a disposição para o desgate que ir à briga significa que vai determinar se a senadora levará adiante sua promessa de “ir até o fim” com sua vontade de ser prefeita outra vez. Se vacilar, será difícil convencê-la a trabalhar de verdade por Haddad, que contará apenas com Lula e um partido cujas bases mal o conhecem para chegar onde Marta chegou. Uma eleição para ser ganha, seria, assim, perdida.
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