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Presidente Dilma está inclinada a antecipar para dezembro a troca de ministros; é o que o PMDB quer; ministros Lupi (Trabalho) Negromonte (Cidades) e Florence (Desenvolvimento Agrário) são candidatíssimos a entrar na dança
Evam Sena_247, em Brasília – A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, já avisou. A presidente Dilma Rousseff vai realizar uma reforma ministerial entre janeiro e fevereiro do ano que vem, se adiantando ao prazo para a chamada desincompatibilização, período em que ministros que vão disputar as eleições municipais de 2012 deverão deixar os cargos.
O PMDB, insatisfeito com o espaço que ocupa no governo, 5 dos 38 ministérios, com orçamentos e capilaridades não tão grandes quanto na gestão anterior, quer antecipar a reforma anunciada. Para dezembro. O primeiro sinal de Dilma em atenção a essa posição foi o convite feito por ela, por meio do vice-presidente Michel Temer, para que o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP), pré-candidato a prefeitura de São Paulo, assumisse o Ministério do Turismo com a saída de Pedro Novais (PMDB-MA).
O vice-presidente, que comandava as negociações, negou de pronto, com vistas às eleições de 2012. A avaliação do Planalto, porém, é que o Turismo é uma pasta pequena para convencer o vice-presidente da desistência de um candidato próprio na maior capital do país, e que a oferta de um ministério “mais robusto” poder mudar o cenário.
Nesse caso, entraria na negociação o Ministério da Educação. Chalita foi secretário estadual de Educação durante o governo de Geraldo Alckmin de 2003 a 2007. À margem das disputas internas no PT e das pesquisas de intenção, na contabilidade de Dilma é dada como certa a saída de dois ministros para disputar as eleições. Fernando Haddad (PT-SP) deixaria a Educação para concorrer à Prefeitura de São Paulo e Iriny Lope (PT-ES) sairia da secretaria especial das Mulheres para disputar a Prefeitura de Vitória.
Com o convite a Chalita, Dilma agrada aos petistas de São Paulo - que tentam fazer aliança com o PMDB e tirar o aliado da disputa - e, especialmente, o ex-presidente Lula, principal cabo eleitoral de Haddad. A presidente ganharia pontos também entre os peemedebistas, ao dar mais poder ao partido na Esplanada. E traria para perto um político com quem tem afinidade. Ainda no PSB, Chalita foi grande articulador da campanha de Dilma com a igreja Católica.
NA MIRA – Cotados para sair na próxima reforma há ministros envoltos em denúncias de corrupção, sem o apoio de seus próprios partidos ou aqueles cujo trabalho não agrada a presidente. Nessa lista está o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT-SP), cuja meta de geração de 3 milhões de emprego em 2011 já se vê naufragada.
Herdado do governo Lula, Lupi não tem relação próxima com Dilma, com quem se encontrou poucas vezes a sós. O pedetista teve seu poder diminuído com a transferência da função de negociação com as centrais sindicais para o ministro Gilberto Carvalho (PT), da Secretaria-Geral da Presidência. Sobre ele, pesam denúncias de contratos irregulares entre a Fundação Pró-Cerrado e o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e uso de jatinhos da fundação. O ministro também já conta com insatisfações dentro do partido, com oposição do deputado Brizola Neto (RJ) e do senador Cristovam Buarque (DF).
O ministro das Cidades, Mário Negromonte, é o que tem menores condições de se sustentar no cargo. Ele é acusado de apresentar emendas parlamentares, quando deputado pelo PP-BA, e de liberar recursos para emendas que beneficiaram seus redutos eleitorais e empresas que fizeram suas doações de campanha. Vítima de disputa interna no PP, o ministro foi acusado também de pagar mensalinho para correligionários em troca de apoio.
A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, não teve um só momento de segurança no cargo desde que tomou posse. Ela já não contava com o apoio do PT, que gostaria de ter levado o ministério, e ficou ainda mais fraca depois de mudanças na política cultural adotada no governo Lula. Um dos principais carros-chefes da gestão anterior, os Pontos de Cultura, acumula R$ 60 milhões de atraso nos pagamentos. Coordenadores nomeados por ela mesma já pediram demissão e outros ameaçam sair.
Alheio ao assunto sobre o qual é responsável, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, vem sendo alijado das decisões da sua pasta. Conhecido como “o ministro-fantasma”, ele é ignorado não só pelos movimentos sociais, que negociam com Gilberto Carvalho ou com o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Celso Lisboa Lacerda, como pelo governo. Indicado pelo governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), Florence não participou da elaboração do Plano Brasil Sem Miséria, do qual seu ministério é um dos executores, e já foi interrompido por Dilma em reunião sobre dívidas de assentados.
Há quem cogite que Dilma aproveitará a reforma ministerial para atrair o PSD para o governo. O presidente nacional do futuro partido, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, já declarou que a legenda “não é de centro, nem direita, nem de esquerda” e que não tem interesse por cargos no governo. Mas com a suspeita de que terá a quarta maior bancada na Câmara dos Deputados, Kassab terá poder político para indicar um ministro e, com isso, ganhar visibilidade para seu projeto eleitoral em 2014.
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