sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Damas de ferro encaram o Fundo Monetário



Damas de ferro encaram o Fundo MonetárioFoto: WESLEY SANTOS/AGÊNCIA EESTADO, Vincent Kessler/REUTERS

EM PORTO ALEGRE, DILMA ROUSSEFF CONDENOU AS POLÍTICAS RESTRITIVAS IMPOSTAS PELO FUNDO; EM PARIS, A ALEMÃ ANGELA MERKEL TAMBÉM ATACOU A INSTITUIÇÃO E PEDIU A CRIAÇÃO DE UM NOVO IMPOSTO GLOBAL SOBRE TRANSAÇÕES FINANCEIRAS

14 de Outubro de 2011 às 15:01
247 – Em tempos de crise global, foi preciso que duas mulheres levantassem a voz contra o Fundo Monetário Internacional. Em Porto Alegre, a presidente Dilma Rousseff disse que o Brasil não concorda com a imposição, pelo FMI, de algumas políticas restritivas a países em crise. "Jamais aceitaremos, como participantes do FMI, que certos critérios que nos impuseram sejam impostos a outros países", afirmou, para as cerca de mil pessoas que participaram do ato de assinatura do pacto de adesão dos governadores do Sul ao programa Brasil Sem Miséria, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. O grito ecoou em Paris, onde outra dama de ferro, a alemã Angela Merkel, também atacou o Fundo. Ela protestou contra todos os que convocam a Europa a adotar medidas contra a crise, “mas se negam à criação de um novo imposto sobre transações financeiras”, numa clara referência ao Fundo. Se esse imposto fosse criado, segundo Merkel, seria possível arrecadar 57 bilhões de euros já em 2014.
Ontem, em Curitiba, a presidente Dilma já havia dito que o Brasil sabe o que é a supervisão do FMI e a proibição aos investimentos. Em Porto Alegre, Dilma lembrou que no governo de Luiz Inácio Lula da Silva o País passou de devedor a credor do FMI. "Hoje temos recursos aplicados no Fundo e possivelmente iremos ter maior participação", ressaltou.
Dilma reconheceu que o Brasil também pode sofrer os efeitos da crise internacional, pela redução de negócios em todas as regiões do planeta, mas insistiu na tese de que o País está bem preparado para enfrentar a situação, por ter US$ 352 bilhões de reservas e grande potencial de consumo. "Nossa principal força está no mercado interno, nossa capacidade de resistência é muito elevada".
Brasil sem Miséria
A presidente assinou com os três governadores da Região Sul o pacto de participação no Programa Brasil Sem Miséria. Dilma estava acompanhada de sete ministros, que também assinaram convênios com entidades empresariais e comunitárias para compra de produtos da agricultura familiar, treinamento e contratação de pessoas que estão em situação de miséria. A presidente almoçou no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, e, à tarde, anuncia investimentos na construção de um metrô em Porto Alegre.
Enquanto Dilma participava da cerimônia no auditório Dante Barone, cerca de cem manifestantes ligados a sindicatos de bancários e servidores da Justiça, da Saúde e dos Correios promoviam protesto na praça Marechal Deodoro, diante da Assembleia Legislativa, pedindo reajustes e negociações salariais aos governos do Estado e federal.

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