quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Siemens demite chefe no Brasil. O motivo: roubo




Siemens demite chefe no Brasil. O motivo: rouboFoto: Divulgação

CONTA DE 7 MILHÕES DE EUROS NA EUROPA FOI O ESTOPIM DA DEMISSÃO DE ADILSON PRIMO, O CHEFE DA MULTINACIONAL ALEMÃ NO BRASIL; EMPRESA É UMA DAS MAIS ATIVAS NOS LEILÕES DE HIDRELÉTRICAS E DO METRÔ; ESCÂNDALO PODE RESPINGAR NO SETOR PÚBLICO

12 de Outubro de 2011 às 18:59
247 – O maior escândalo corporativo do Brasil pode estar se desenhando. Nesta terça-feira, de surpresa, a multinacional alemã Siemens anunciou a demissão de seu presidente no Brasil. Trata-se do executivo Adilson Primo, que liderava uma empresa com receitas de mais de R$ 4 bilhões/ano no Brasil, com atuação em diversos setores, como equipamentos do setor elétrico, de automação industrial, de sistemas metroviários e também da área de saúde. Primo era ainda vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Base, que participa ativamente da formulação dos principais projetos do PAC.
No comunicado, a Siemens anunciou que Primo foi substituído porque a empresa descobriu uma “grave contravenção das diretrizes da companhia”. Por grave contravenção, leia-se uma conta no exterior, abastecida com 7 milhões de euros, desviados da multinacional.
Ocorre que o escândalo pode extrapolar as fronteiras corporativas. Na Europa, tanto a Siemens como outra multinacional, a Alstom, foram investigadas por distribuir propinas de mais de US$ 850 milhões na última década, especialmente na América Latina. No caso da multinacional alemã, até o ex-CEO global, Heinrich von Pierer, chegou a ser afastado. E a Siemens brasileira cresceu escorada em grandes contratos do setor público, tanto no plano federal, com obras do setor elétrico, como no plano paulista, com obras de expansão do metrô.
Rede de suborno
Recentemente, a empresa alemã fechou acordo em investigações internacionais que a apontaram como protagonista da maior rede de suborno de todos os tempos. Por meio da contratação de consultores, a empresa era favorecida em licitações públicas. Em geral, esses consultores remuneravam agentes públicos responsáveis pela análise de propostas e abertura dos envelopes. Um dos personagens investigados, nessa trama internacional, foi Robson Marinho, ex-coordenador de campanha de Mario Covas e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
Nas investigações internacionais, a Siemens admitiu-se culpada e concordou em pagar multas milionárias. Sabia-se que a companhia remunerava agentes públicos. O que não estava no script é que parte da propina pudesse ser desviada para os bolsos de executivos da própria multinacional alemã.
Caso a Polícia Federal e o Ministério Público Federal decidam rastrear os recursos da conta do ex-presidente da Siemens, talvez consigam chegar às licitações fraudulentas. Paulo Ricardo Stark foi nomeado para o lugar de Adilson Primo.

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