Vendedor descobre ser herdeiro de um sacerdote abastado de
Minas Gerais e luta na Justiça pelo direito à fortuna
Flávio CostaREVELAÇÃO
O vendedor Fabrício Nascentes quer herdar os R$ 5 milhões de seu pai (abaixo)
Por três décadas o vendedor de motos Fabrício Augusto Nascentes buscou, sem sucesso, uma informação, uma pista, o menor indício que fosse, a respeito da identidade do pai. Perguntou incessantemente à mãe, aos tios maternos, aos professores da escola e investigou nas ruas da cidade onde cresceu, Patos de Minas (140 mil habitantes), na região do Alto do Paranaíba, em Minas Gerais. Nunca obteve uma resposta. Esqueceu de averiguar na igreja. Há pouco mais de um ano, ele descobriu que era filho do padre Roldão Gonçalves Rodrigues, vitimado por enfarto em agosto de 2010, aos 59 anos, e se viu envolvido em uma briga judicial pela herança avaliada em R$ 5 milhões.
A verdade sobre a origem de Nascentes apareceu dois meses após a morte do sacerdote, que comandava a paróquia de São José, na cidade de Unaí, distante 305 km de Patos de Minas. Pouco depois de ser ordenado, o padre Roldão quebrou o voto de castidade e seduziu uma jovem patense, em 1979. A garota engravidou e o religioso foi afastado da igreja, sendo enviado para a Itália. A história não virou um escândalo na época por causa da “operação abafa” realizada pela diocese de Patos de Minas, declara Nascentes. “Minha mãe sempre evitou falar nesse assunto”, diz. “Ela costumava chorar muito, sofreu demais com essa história. Foi expulsa de casa quando ficou grávida.” Até hoje a mulher, que é enfermeira, se recusa a falar sobre o caso.
Padre Roldão tinha dois irmãos vivos e 37 sobrinhos que iniciaram uma briga pelo espólio composto por uma fazenda no município de Paracatu, uma casa em Unaí, joias e valores depositados em contas bancárias. A única explicação para o acúmulo de bens do religioso é a de que ele era oficial e capelão do Exército brasileiro, do qual recebia proventos superiores a R$ 10 mil mensais. Um dos sobrinhos, contrariado pela existência de um testamento que beneficiava apenas a prima Evalda das Dores Gonçalves, foi quem revelou a Nascentes que o padre era seu pai.
A verdade sobre a origem de Nascentes apareceu dois meses após a morte do sacerdote, que comandava a paróquia de São José, na cidade de Unaí, distante 305 km de Patos de Minas. Pouco depois de ser ordenado, o padre Roldão quebrou o voto de castidade e seduziu uma jovem patense, em 1979. A garota engravidou e o religioso foi afastado da igreja, sendo enviado para a Itália. A história não virou um escândalo na época por causa da “operação abafa” realizada pela diocese de Patos de Minas, declara Nascentes. “Minha mãe sempre evitou falar nesse assunto”, diz. “Ela costumava chorar muito, sofreu demais com essa história. Foi expulsa de casa quando ficou grávida.” Até hoje a mulher, que é enfermeira, se recusa a falar sobre o caso.
Padre Roldão tinha dois irmãos vivos e 37 sobrinhos que iniciaram uma briga pelo espólio composto por uma fazenda no município de Paracatu, uma casa em Unaí, joias e valores depositados em contas bancárias. A única explicação para o acúmulo de bens do religioso é a de que ele era oficial e capelão do Exército brasileiro, do qual recebia proventos superiores a R$ 10 mil mensais. Um dos sobrinhos, contrariado pela existência de um testamento que beneficiava apenas a prima Evalda das Dores Gonçalves, foi quem revelou a Nascentes que o padre era seu pai.
Imediatamente o vendedor largou o emprego e entrou na Justiça com um processo de reconhecimento de paternidade e outro para exigir seu direito de tomar posse de 100% dos bens paternos. “Ele não me deu carinho, não me ensinou nada, a única coisa que restou dele são os bens aos quais eu tenho direito como filho”, afirma Nascentes. Os dois tios aceitaram se submeter a um exame de DNA em abril do ano passado. O resultado foi positivo e o documento, que ainda precisa ser reconhecido pela Justiça, provocou um novo racha na família.
A pendência restringia-se ao ambiente judiciário até o filho do padre resolver tornar pública sua história. Foi quando a prima Evalda decidiu transformar a fazenda de Paracatu em uma casa de apoio para dependentes químicos. O imóvel foi avaliado em R$ 1,2 milhão, mas no terreno constam várias cachoeiras, uma atração turística em Paracatu, e fontes de água mineral. Já há gente interessada em adquirir a propriedade por R$ 5 milhões. “Ele não quer conhecer a história do pai, o que fez pela comunidade como padre, só quer saber de dinheiro”, diz a trabalhadora rural Evalda das Dores Gonçalves, 43 anos, que nega ter se apropriado do patrimônio deixado pelo tio, que nunca lhe falou da existência do filho. “Eu estou realizando o desejo dele, que é o de continuar a ajudar as pessoas que sofrem do vício das drogas e do álcool.” Evalda afirma que a Associação Padre Roldão ajuda 20 pessoas, está legalizada com CPNJ e que ela, inclusive, já entrou com um pedido de alvará junto à Prefeitura de Paracatu para regularizar a Casa de Apoio.
O juiz responsável pelo caso, Tenório da Silva Santos, deverá determinar um novo pedido de exame de DNA, desta vez com acompanhamento judicial, já que Evalda deve contestar o que foi feito no ano passado. A Igreja cala-se sobre o assunto. ISTOÉ procurou, na semana passada, os bispos das dioceses de Patos de Minas e Paracatu, que estavam em viagem. Também procurada, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou que não se pronuncia sobre esse caso, por se tratar de um fato restrito às duas dioceses acima mencionadas.
Nascentes já pegou parte do que lhe cabe no latifúndio patrimonial do pároco falecido. A inventariante do espólio lhe repassou 8 mil euros (R$ 18,3 mil) e um Chevrolet Tracker (avaliado em R$ 44 mil). Ele diz ter encontrado uma nova família, mas abandonou o catolicismo e passou a frequentar os cultos da Igreja Evangélica Pentecostal de Jesus. O filho do padre defende o fim do celibato. “Meu pai não era um pecador, apenas quebrou um contrato com a Igreja, pois até na ‘Bíblia’ está escrito: ‘Crescei e multiplicai-vos.”’
A pendência restringia-se ao ambiente judiciário até o filho do padre resolver tornar pública sua história. Foi quando a prima Evalda decidiu transformar a fazenda de Paracatu em uma casa de apoio para dependentes químicos. O imóvel foi avaliado em R$ 1,2 milhão, mas no terreno constam várias cachoeiras, uma atração turística em Paracatu, e fontes de água mineral. Já há gente interessada em adquirir a propriedade por R$ 5 milhões. “Ele não quer conhecer a história do pai, o que fez pela comunidade como padre, só quer saber de dinheiro”, diz a trabalhadora rural Evalda das Dores Gonçalves, 43 anos, que nega ter se apropriado do patrimônio deixado pelo tio, que nunca lhe falou da existência do filho. “Eu estou realizando o desejo dele, que é o de continuar a ajudar as pessoas que sofrem do vício das drogas e do álcool.” Evalda afirma que a Associação Padre Roldão ajuda 20 pessoas, está legalizada com CPNJ e que ela, inclusive, já entrou com um pedido de alvará junto à Prefeitura de Paracatu para regularizar a Casa de Apoio.
O juiz responsável pelo caso, Tenório da Silva Santos, deverá determinar um novo pedido de exame de DNA, desta vez com acompanhamento judicial, já que Evalda deve contestar o que foi feito no ano passado. A Igreja cala-se sobre o assunto. ISTOÉ procurou, na semana passada, os bispos das dioceses de Patos de Minas e Paracatu, que estavam em viagem. Também procurada, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou que não se pronuncia sobre esse caso, por se tratar de um fato restrito às duas dioceses acima mencionadas.
Nascentes já pegou parte do que lhe cabe no latifúndio patrimonial do pároco falecido. A inventariante do espólio lhe repassou 8 mil euros (R$ 18,3 mil) e um Chevrolet Tracker (avaliado em R$ 44 mil). Ele diz ter encontrado uma nova família, mas abandonou o catolicismo e passou a frequentar os cultos da Igreja Evangélica Pentecostal de Jesus. O filho do padre defende o fim do celibato. “Meu pai não era um pecador, apenas quebrou um contrato com a Igreja, pois até na ‘Bíblia’ está escrito: ‘Crescei e multiplicai-vos.”’
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