domingo, 15 de julho de 2012

Os alckmistas estão chiando


O governador Geraldo Alckmin reclama dos rumos tomados pela campanha de José Serra, quer mais espaço político e pode reabrir a fissura que divide os tucanos desde 2008

Pedro Marcondes de Moura
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INSATISFAÇÃO
Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, quer ter voz ativa na campanha de Serra
Diz o dito popular que dois bicudos não se beijam. A expressão é absolutamente verdadeira se os bicudos em questão forem os tucanos José Serra e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. É verdade que, nos últimos meses, ambos têm feito indisfarçável esforço para sorrir lado a lado. Sabem que precisam estar unidos para colocar Serra de volta na prefeitura paulistana e têm como certo que uma derrota na capital paulista pode colocar em risco a reeleição do governador Alckmin em 2014. Porém, são bicudos que não se beijam. Nas últimas semanas, o governador Alckmin liberou seus auxiliares a manifestarem publicamente a insatisfação pelas posturas tomadas pelo candidato na campanha. 

O motivo para a chiadeira de Alckmin está no espaço que Serra destina ao grupo do prefeito Gilberto Kassab, desafeto do governador. O principal movimento para evidenciar a chiadeira dos alckmistas veio com a notícia do pedido de demissão de Edson Aparecido, ex-secretário estadual de Desenvolvimento e homem de total confiança do governador, da coordenação da campanha de Serra. No QG serrista, Aparecido tem se comparado a uma peça de decoração. Um tucano que não bica. Segundo interlocutores, ele afirma que as decisões do candidato atendem muito mais a interesses do marqueteiro Luiz Gonzalez e ao PSD – partido criado, em 2011, pelo prefeito Gilberto Kassab que arrastou para suas fileiras diversos quadros do PSDB e do DEM – do que a tucanos. Ao saber da notícia, Serra atuou como bombeiro nos bastidores.

Em reunião com o secretário-chefe da Casa Civil, Sidney Beraldo, na quinta-feira 5, Serra disse que uma eventual saída de Aparecido traria de volta rixas antigas. No sábado 7 e na terça-feira 10, ele telefonou para Alckmin com a promessa de abrir espaço na coordenação da campanha para aliados do Palácio dos Bandeirantes. Procurado por ISTOÉ, Aparecido diz que continua na campanha. “Estamos todos juntos. É hora de ir para a rua”, declarou, evitando comentar as especulações. A permanência dele, no entanto, não aliviou o desconforto dos aliados do governador. “Os alckmistas querem ser ouvidos e influir, comenta um parlamentar do partido em Brasília. “Ao contrário de 2008, este ano quem tem a caneta é ele e não o Serra”, resume.
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POR POUCO
Ligado a Alckmin, Aparecido ameaçou abandonar a campanha de Serra
Na última eleição municipal, Serra, então governador, apoiou muito mais a candidatura de Kassab do que a de Alckmin na disputa pela capital, movimento que rachou os diretórios municipal e estadual da sigla. No ano passado, com Alckmin administrando o Estado e Serra derrotado à Presidência, os dois líderes trocaram bicadas. Alckmistas não relevam o pouco empenho de Serra em evitar a debandada de vereadores tucanos ao recém-criado PSD. Agora, avaliam que ele vem centralizando decisões e tratorando os interesses do PSDB. A gota d’água foi a condução política da estratégia eleitoral. Alckmistas reclamam de favorecimento ao PSD nas decisões do candidato. 

Segundo um parlamentar ligado ao governador, o PSDB cedeu demais ao PSD a pedido de Serra. Deixou de exigir o mandato dos vereadores que abandonaram a sigla e concordou com a participação da legenda do prefeito na chapa para a Câmara Municipal formada com o PR e o DEM, o que diminuirá a bancada eleita pelo PSDB. Também aceitou o nome de Alexandre Schneider (PSD) à vaga de vice no lugar de um tucano como combinado desde a entrada de Serra nas prévias fora do prazo. “Tudo tem um limite. Quando Serra precisou, Alckmin articulou no PSDB para que os pré-candidatos se retirassem da disputa e fez a composição da maior parte das alianças”, lembra o deputado. “Não podemos ficar de fora das decisões estratégicas.” 

Outra reclamação é o pouco espaço oferecido por Serra ao DEM, aliado de primeira hora de Geraldo Alckmin e seu grupo político. “Não se faz uma campanha isolando-se dentro e de fora do partido”, diz um dirigente tucano. “É suicídio político, vivemos isso nas três últimas eleições presidenciais. O Serra precisa mudar de comportamento”, resume.

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