sábado, 16 de novembro de 2013

Sobre a prisão dos "mensaleiros"



Se Lula não tivesse sido eleito presidente do Brasil, Joaquim Barbosa jamais chegaria a ser ministro do STF. No entanto Joaquim Barbosa perpetrou a maior fraude jurídica de que se tem notícia nesse país, ao expedir os mandatos de prisão contra os réus da ação penal 470, condenados contra as provas dos autos, sem direito ao duplo grau de jurisdição, com o fatiamento da denúncia, o que permitiu a construção de uma narrativa mentirosa segundo a qual o PT teria comprado apoio político de certos congressistas, inclusive de seus próprios deputados, um contrassenso imenso, a julgar pela validade desse argumento que não se sustenta pela força dos fatos.

O erro de Lula foi ter agido republicanamente na escolha dos indicados ao STF, abrindo mão de colocar na Suprema Corte pessoas de sua confiança pessoal, ligadas ao espectro ideológico do qual faz parte, como sói acontecer no mundo inteiro, inclusive nos E.U.A modelo para tudo, menos para essa questão da indicação de pessoas ao cargo de ministros do STF, por razões óbvias.

A mídia e seus algozes tiveram uma vitória de pirro. A prisão dos "mensaleiros" exporá a chaga aberta que é a justiça desse país. Sua hipocrisia descarada, seletiva, capaz de deixar um Paulo Maluf livre das algemas e colocar um homem probo, sério e honrado atrás das grades, como Genoíno, e avançar com ódio figadal sobre José Dirceu e levá-lo a humilhação e desonra públicas para satisfação dos instintos bestiais de uma elite perversa, falso moralista, sonegadora de impostos e que fala sobre ética da boca pra fora, haja vista praticar em maior ou menor escala os mesmos crimes pelos quais os "mensaleiros" foram condenados, sem base nas provas dos autos.

O papel de Joaquim Barbosa no julgamento da ação penal 470 é um episódio à parte que entra nos anais da história como uma página negra, um cadáver insepulto que fica na sala a lembrar aos que permanecem os erros cometidos e cuja reparação mesmo que tardia jamais será suficiente diante de uma campanha midiática de assassinato de reputação, ao longo de vários anos, resultando na sentença anunciada e previamente já conhecida em nome da tese fajuta de que os condenados são pessoas poderosas e milionárias, algo totalmente divorciado da realidade.

José Genoino em mais de 30 anos de vida pública, mora no mesmo local e não tem patrimônio sequer para pagar a multa de quase 1 milhão de reais imposta pelos ministros do STF, não obstante esse discurso repetitivo que engana os incautos que o apapagaia, uma reprodução que falsifica a verdade.

Muito bem fez Pizzolato ao fugir do país e apelar para um novo julgamento em solo italiano onde num ambiente de serenidade, juízes imparciais poderão examinar as provas dos autos ricas em sua contundência, ao demonstrarem que não há dinheiro público nesse famigerado esquema, como bem sabe Joaquim Barbosa, conhecedor do inquérito sigiloso que correu paralelamente a ação 470, tantas vezes ignorado e não trazido ao conhecimento público com o mesmo estardalhaço da ação penal que resultou na condenação e prisão dos "mensaleiros".

O jogo ainda não acabou e haverá outros desdobramentos desse julgamento que será objeto de questionamentos nas cortes internacionais de justiça para que o erro histórico que se cometeu contra o PT seja revisto, sob pena de ficar escancarado o partidarismo do STF que agiu como braço da verdadeira oposição no Brasil, a imprensa, golpista, sem votos e falsa moralista que só se move para exigir investigação e punição nos escândalos de corrupção que porventura tenham algum petista envolvido e se não tiver, manda-se que um bandido qualquer cite um petista para melar as investigações e impedir que os culpados sejam punidos, tal como acontece agora em São Paulo no caso do metrô e na máfia dos fiscais desmantelada pela gestão do prefeito Haddad e que essa mesma imprensa bandida quer jogar no colo do PT, um esquema que é da gestão Serra/Kassab.

Mas isso está chegando a um melancólico fim. Quanto mais age politicamente, qual partido de oposição, mais sua credibilidade fica esgarçada, em frangalhos e a imprensa perde leitores e influência na formação da opinião nacional, restringido-se apenas a um público deformado, doente na mente, vil em suas ações e omissões, subproduto de um jornalismo de esgoto que perdeu qualquer escrúpulo e se alimenta de sua própria vilaneza. 

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