terça-feira, 13 de maio de 2014

Amanhã vai ser outro dia, Barbosa!






Miguel do Rosário

MIGUEL DO ROSÁRIO 
Me impressiona ver a oposição pactuar com
isso. Creio que se Barbosa agisse assim mesmo com um tucano graúdo,
parcelas importantes da esquerda iriam protestar contra um abuso
similar. Eu protestaria
(originalmente publicado no Cafezinho)




Jamais se viu tanto casuísmo no Judiciário brasileiro.




Depois de ter autorizado Delúbio a trabalhar, Joaquim Barbosa, que
parece estar completamente ensandecido, revoga decisão de permitir que o
ex-tesoureiro do PT trabalhe fora do presídio. A decisão de JB pode
prejudicar 100 mil presos e colapsar o sistema prisional brasileiro, que
já sofre com problemas graves de superlotação.




É bom lembrar aos coxinhas que o regime semi-aberto não significa
liberdade. O preso pode trabalhar fora, mas tem de voltar todos os dias
para a prisão. O fato de trabalhar fora lhe permite um processo de
ressocialização que está em linha com a tendência clássica dos sistemas
penais de países democráticos.




Barbosa, no entanto, está inaugurando uma era de trevas judiciais no
país, em que a regra é a vingança pública, e não a tentativa humanista
de trazer o prisioneiro de volta ao convívio social.




Em se tratando de presos que não oferecem nenhum perigo a sociedade, a
decisão de Barbosa corresponde puramente a um gesto político
abominável, que injeta ânimo nos setores mais obscuros e degenerados da
sociedade, os quais, após o gostinho do fascismo vitorioso na boca,
tendem a sair do armário para defender saídas antidemocráticas para os
problemas nacionais.




Não é a tôa que todos os movimentos golpistas, que pregam abertamente
um novo golpe militar, adoram Joaquim Barbosa, e patrocinam páginas em
sua homenagem.




Barbosa, o ídolo do antipetismo psicótico, fanático, e da Rede Globo,
a qual empregou até seu filho e jamais deixou de elogiá-lo, tornou-se
uma figura perigosíssima para a democracia e para o Estado de Direito.




Agora entendemos porque ele não quis sair do STF para disputar um
cargo eleitoral. Ele quer ocupar a posição para fazer o maior mal
possível ao país, ao qual ele só dedica palavras de ódio e desprezo.
Nunca vimos Joaquim Barbosa dizer uma palavra simpática em relação ao
Brasil. Ele parece amar só a si mesmo. O resto é ódio.




Ao agir assim, Barbosa produz factóides políticos que prejudicam
eleitoralmente o PT e força a imprensa alternativa a adotar uma agenda
triste, reativa, agressiva, tensa. Eu percebo isso por aqui. São
arbítrios tão sinistros, que o Cafezinho deixa de lado reportagens
investigativas e o debate político programático e ideológico, para
externar minha indignação contra a violência casuística e
antidemocrática de Barbosa. O Cafezinho fica mais amargo, mais tenso,
mais sofrido.




É um plano genial e diabólico dos donos do poder, a quem Barbosa
serve com obediência absoluta. Com seus arbítrios, Barbosa intimida o
governo, que não sabe o que fazer diante de tanta truculência, a qual,
por sua vez, embute em riscos tremendos. O tensionamento excessivo leva
ao erro, a uma expressão desastrada por parte de uma pessoa indignada. E
a mídia, com ajuda inclusive de setores golpistas incrustrados dentro
das instituições, não perdoa: põe a expressão na capa de suas
publicações, dizendo que se trata de “ameaça de morte” a Joaquim
Barbosa. Pô, se as mesmas instituições fossem punir as ameaças de morte
 a petistas, tinham que fechar o Facebook em dois tempos…




Desde 1999, através de uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça,
que todo preso em regime semi-aberto tem direito a trabalhar fora.
Barbosa rasgou essa jurisprudência, perfeitamente amparada na
Constituição, para tomar mais uma decisão de caráter excepcional, qual
um carcereiro vingativo, mesquinho e raivoso.




Me impressiona ver a oposição pactuar com isso. Creio que se Barbosa
agisse assim mesmo com um tucano graúdo, parcelas importantes da
esquerda iriam protestar contra um abuso similar. Eu protestaria. Não
quero ver nem o pior dos meus adversários políticos sendo tratado com
arbítrio e casuísmo. Quero vencer meus inimigos na argumentação
política, no voto, não usando a mão pesada do Estado para violentar seus
direitos civis.




Barbosa está criando corvos, incentivando o recrudescimento da cultura do ódio, da vingança, da violência.




Com certeza, escolher uma pessoa tão desequilibrada, tão
essencialmente má, para ocupar um cargo tão estratégico para a
democracia foi o maior erro de Lula. Um erro cometido em nome de uma boa
intenção, porém, que era nomear o primeiro negro para o STF.




Barbosa conseguiu enfeixar um poder incrível em torno de si. Seu
chauvinismo e sua blindagem midiática intimidaram e silenciaram outros
ministros. Suas decisões são sempre monocráticas, tomadas
solitariamente. Ele jamais consulta ao plenário.




Só que o mundo dá voltas. O poder de Barbosa não é eterno. Seus
arbítrios podem ser populares junto aos setores degenerados, mas não
junto às camadas mais esclarecidas da sociedade. Como dizia Chico,
apesar de você, Barbosa, amanhã há de ser outro dia. Todo o mal que
pensas infligir àqueles que odeias, na verdade os deixarão mais fortes
junto à posteridade.




Aliás, a canção de Chico serve lindamente para Barbosa. Para tentar
quebrar esse baixo astral de Joaquim Barbosa, escutemos Clara Nunes
cantando Chico:



http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/139600/Amanh%C3%A3-vai-ser-outro-dia-Barbosa!.htm






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