terça-feira, 28 de junho de 2011

WIKILEAKS: Aécio Neves comentou sobre disputa com Serra a cônsul

Mensagem do consulado americano no Rio de Janeiro a Washington revela a tensão pré-disputa eleitoral dentro do PSDB em 2009.


Por Ana Aranha, especial para a Pública


Um ano antes do pleito presidencial, Aécio já media forças com José Serra sobre quem seria o candidato tucano à presidência – mas, de acordo com o documento, alegava ser tudo de forma “amigável”.

Em conversa por telefone com o cônsul-geral do Rio de Janeiro Dennis Hearne em 20 de outubro de 2009, Aécio garantiu que os dois estavam empenhados em não deixar a disputa interna vazar para o público, gerando danos “do tipo visto entre Serra e Alckmin na última eleição”.

Na época da conversa, Aécio era governador de Minas Gerais e Serra era governador de São Paulo – dois dos mais importantes postos que o PSDB ocupava no país.

“Vamos manter postura amigável”, disse Aécio, ou pelo menos “até o fim de 2009”. A partir de janeiro de 2010, o senador disse que o partido deveria nomear um candidato, deixando intuir que essa seria a data para o fim do armistício. “Aécio não deixou dúvidas de que ele não vai esperar além dessa data”, diz o documento.

Em 2006, o partido rachou em São Paulo, enfraquecendo a candidatura de Geraldo Alckmin à presidência. Naquele ano, grupos “alckmistas” e “serristas” se cristalizaram e o fogo amigo se alastrou pelas as disputas posteriores, como no pleito à prefeitura de São Paulo em 2008, quando Serra deu apoio velado a Gilberto Kassab e derrotou Alckmin.

No ano seguinte, como previsto, os candidatos disputaram a vaga à candidatura com discrição. Ou pelo menos assim foi até que, depois de meses de diálogo “amigável”, Aécio deixou vazar que Serra o convidou para ser seu vice e ele negou a oferta.

Depois disso, mais de 20 nomes foram especulados para a vaga. A demora em definir o vice foi um dos pontos que pesou contra Serra na disputa contra a presidente Dilma Rousseff.

No final de maio deste ano, Serra saiu derrotado na briga interna pelo comando do PSDB e pela liderança na fila de pré-candidatos à presidência em 2014. Depois de tensa negociação, o grupo de Aécio Neves conquistou postos-chave na máquina partidária. Serra ficou como presidente do Conselho Político do PSDB.

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