segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Assassino disfarçado

 


Miami (EUA) - O atual governador da Flórida, Rick Scott, vem sendo muito combatido pelas medidas adotadas em seu primeiro ano de governo. Tanto que figura entre os governadores de estado piores avaliados pelos eleitores. O republicano que venceu uma eleição disputada com a democrata Alex Sink, no entanto, vem fazendo um bom trabalho no que se refere ao combate das chamadas “drogas legais”.

Dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA confirmam que em 2009 o número de mortes provocadas pelo uso indiscriminado e equivocado de medicamentos fortes pela primeira vez superou o de mortes causadas em acidentes de trânsito no país. E Scott está jogando duro com os traficantes destas drogas.


Enquanto as campanhas pela educação no trânsito somadas aos aperfeiçamentos nos sistemas de segurança dos veículos estão colhendo resultados positivos, cresce a preocupação das autoridades americanas com este fenômeno que vem tomando conta do país.

As vítimas pertencem a vários perfis e faixas etárias. Vão desde os jovens que usam OxyContin, Vicodin, Xanax, Soma e Fentanil, entre outros remédios, misturados ao álcool para dar “o maior barato” até pessoas de mais idade que são obrigadas a usar estes medicamentos controlados para combater a dor nas costas ou nos joelhos e acabam tornando-se viciadas. É o típico caso do remédio que mata o doente.

Agora, as autoridades estão enfrentando os traficantes para tentar evitar o uso indevido destas substâncias. E é uma luta árdua. Estes medicamentos podem ser comercializados com receitas pela Internet, através de farmácias e de médicos inescrupulosos e por meio de traficantes que estão especializando-se neste tipo de substâncias, que estão causando mais mortes do que a cocaína e a heroína combinadas.

Agentes do DEA (Drug and Enforcement Agency), órgão policial de combate ao tráfico de drogas e entorpecentes, estão preocupados com este aumentos e vem unindo esforços com os departamentos de polícia locais a fim de coibir a distribuição maciça destes medicamentos para pessoas que não precisam tomá-los.
Recentemente, foram desmanteladas no sul da Flórida várias clínicas especializadas no fornecimento dos chamados painkillers. Em uma delas, foram presos dois irmãos e a mãe, que não tinham nenhum tipo de formação médica e/ou farmacêutica. Eles apenas viram neste mercado uma fácil maneira de obter lucros. E que lucros! Moravam numa mansão em Wellington, dirigiam carros de luxo e desfilavam de iates. Agora, porém, tudo mudou.

Assim como mudou para o brasileiro David Britto. O rapaz de 28 anos, ex-Marine, foi condecorado em 2010 como o Policial do Ano em Boynton Beach, cidade do condado de Palm Beach, por ter salvado um menino do afogamento. No entanto, em julho deste ano, uma investigação interna flagrou o braso-americano com 500 gramas de metamfetamina. Ele compareceu à corte, desclarou-se inocente e foi mandado para a prisão familiar sob o pagamento de uma fiança de US$ 100 mil. Nos EUA, você pode pagar somente 10% do valor da fiança para cumprir a prisão domicilair e assina um termo de compromisso para saldar o resto da dívida. Ele, porém, tinha outros planos. O rapaz arrebentou a tornozeleira eletrônica de monitoramento, comprou uma passagem e embarcou para Brasília, aproveitando-se de ter dupla cidadania. Um juiz federal decretou ordem de prisão para o fugitivo.

Mas nem tudo é ruim quando se trata de comunidade brasileira. Em Pompano Beach, no sul da Flórida, por exemplo, uma jovem brasileira protagonizou um ato de coragem. Como funcionária de uma farmácia local, ela desconfiou de um sujeito que entrou no estabelecimento para tentar comprar os medicamentos conhecidos no Brasil como tarja preta. Imediatamente ligou para a polícia do condado de Broward e os agentes prenderam o traficante com vários comprimidos para distribuir. Entrevistada pela afiliada local da CBS, Aline Leça disse apenas ter cumprido seu dever de cidadã ao tirar das ruas um mau elemento. Realmente, um exemplo a ser seguido.

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