segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Gabrielli janta a Folha (*). Me dá um dá lá …

Rennó, Gabrielli e a petroquímica: um dá lá e outro toma cá

Na aula magna que pronunciou na Escola de Magistratura do Tribunal Regional Federal da Terceira Região, quando denunciou o preconceito de classe na imprensa e na Justiça, Caco Barcelos condenou o que chama de “jornalismo declaratório”.

É o jornalismo brasileiro, em geral: que sai por aí a publicar declarações sem checar ou aprofundar o conteúdo da declaração.

O máximo que faz é confrontar uma declaração com outra.

E se as duas forem inverdades, a imprensa da “declaração” cria uma polêmica de mentiras.

Esse é o território do PiG (**).

A obra prima desse chamado “jornalismo” escrito é a entrevista.

E no jornalismo declaratório do PiG, a entrevista não tem a função de ilustrar e informar o leitor.

Tem duas funções.

Revelar a agressividade do repórter – os patrões adoram …

E desmanchar o entrevistado.

Isso, no caso de o entrevistado ser do Governo.

Se for da Oposição, a posição muda.

A entrevista se transforma numa “entrevista púlpito” – oferecer um púlpito à Oposição para expor suas “verdades”.

Na página A14 da Folha (*) desta segunda feira, há uma entrevista do primeiro tipo com José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobrás.

O objetivo era mostrar a patriótica agressividade de dois (dois !) entrevistadores e desmanchar a Petrobrás.

(Um dos repórteres foi “enviado especial” a Brasília – sic.)

Como se sabe, desde que o dr. Getulio sancionou a Lei 2004 que fundou a Petrobrás o PiG (**) tenta afundá-la.

Como o Fernando Henrique afundou a P-36.

Gabrielli janta a questão do preço da gasolina.

(Faz parte da ideologia do PiG (**) sustentar, sempre, que o preço da gasolina está baixo para a inflação não estourar e isso vai afundar a Petrobrás. Não vai.)

Gabrielli janta também a questão da relação com Dilma.

Faz parte da ideologia do PiG (**) sustentar que a Presidenta grita com Gabrielli.

Gabrielli jantou a Folha (*) quando disse que a Petrobrás foi a empresa petrolífera que mais se valorizou nos últimos dez e cinco anos.

O mais interessante da entrevista a Folha não destaca.

É quando Gabrielli explica que o sombrio Governo Cerra/FHC proibiu a Petrobrás de entrar no mercado de petroquímica.

O sombrio Governo Cerra/FHC não deixou a Petrobrás entrar na petroquímica – o setor mais dinâmico do negocio do petróleo – até 2003.

FHC revelou a mesma visão estratégica que fez impedir a construção de escolas técnicas.

(Esses tucanos de São Paulo não passariam de Resende, não fosse o PiG (**).)

Ao comprar 39% da Braskem, a Petrobrás finalmente entrou na Petroquímica.

(Quando trabalhava no Jornal da Band, este ansioso blogueiro denunciou uma pirueta que o Governo Cerra/FGC ia produzir.

Tratava-se de a Odebrecht, dona da Braskem, comprar a Petrobrás com financiamento da Petrobrás.

Isso mesmo, amigo navegante.

A Petrobrás dava dinheiro à Odebrecht para a Odebrecht comprar a Petrobrás.

Essa obra prima passou a ser chamada de “Petrobrecht” no Jornal da Band.

Que à pirueta deu implacável cobertura.

O presidente da Petrobrás Joel Rennó não conseguiu fechar o negocio da “Petrobrecht”.

Em compensação, poupou os cofres de Petrobrás do patrocínio que conferia ao Jornal da Band.)

O saldo da entrevista da Folha (*) é registrar a destreza de Gabrielli ao enfrentar uma tentativa de desmanche.

A Folha veio de “toma lá” e o Gabrielli devolveu um “dá cá”.


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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