Esquecida
Da redação
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Wilza Carla, de 75 anos, uma das vedetes e atrizes mais badaladas do Brasil principalmente nas décadas de 50 e 60, faleceu no último dia 18, num sobrado na zona norte da cidade de São Paulo, praticamente na miséria e esquecida, longe dos holofotes que marcaram uma carreira de mais de 40 filmes, participações em novelas e como jurada em programas de calouros. Ao lado dela, apenas a filha adotiva, Paola, que sempre cuidou da mãe – que tinha diabete e mal de Alzheimer –, e o casal de netos. No enterro, no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro, algumas poucas pessoas apareceram para prestar uma última homenagem. “Ela estava sofrendo muito. Todo dia, ela virava para mim e falava: ‘Me salva, filhinha’. E eu não tinha como salvá-la, como ajudá-la, porque todos os recursos que eu tinha dentro de casa era (água para dar) banho, comida, atenção, mas o que ela necessitava era tanto de apoio psicológico como financeiro e de saúde”, comentou Paola ao programa “Domingo Espetacular”, da “Rede Record”, após a morte da mãe.
“Ela estava abandonada e muito doente. Foi um final muito triste. Para mim, a vida dela foi como numa grande peça de teatro. Enquanto ela está acontecendo, as pessoas lotam o local e prestam atenção nela, mas, quando termina, em um minuto o salão fica vazio”, compara a procuradora aposentada da prefeitura de Niterói (RJ), Maria Francisca Valias, de 74 anos, amiga de Wilza Carla de longa data. “Ela era uma mulher maravilhosa, alegre, amiga, que ajudava os outros. E sempre teve vontade de voltar a trabalhar na televisão”, conta.
Na década de 70, já bem acima do peso, Wilza interpretou o personagem de maior sucesso, Dona Redonda, da telenovela “Saramandaia” (1976). Em seguida, ela se tornou jurada do programa do apresentador Silvio Santos. O último trabalho foi na telenovela “Ana Raio e Zé Trovão”, de 1990, da extinta “TV Manchete”. Sobrevivendo apenas com a aposentadoria de um salário mínimo e uma cesta básica, a atriz enfrentava ainda as consequências de um acidente vascular cerebral sofrido em 1994. Uma vida de abandono e solidão que a Folha Universal revelou em março de 2008.
“A fama e o sucesso são efêmeros. Por isso, as pessoas que se tornam famosas precisam estar preparadas, financeiramente e psicologicamente, para um provável declínio de procura e exposição na mídia, ainda mais numa sociedade que valoriza muito o jovem e o belo”, comenta Antonio Carlos Amador Pereira, psicoterapeuta e professor do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Para ele, deveria caber à própria classe artística amparar aqueles que ficam mais frágeis quando o tempo passa ou são atingidos por alguma doença, o que resulta na falta de oportunidade de novos trabalhos. “Wilza Carla foi uma vedete famosa. Depois realizava participações esporádicas na televisão e no cinema. Até que o tempo passou e ela caiu no esquecimento”, lamenta.
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