Foto: Edição/247
CRESCEM AS APOSTAS EM BRASÍLIA SOBRE A SUBSTITUIÇÃO DO MINISTRO DA FAZENDA; NO ENTANTO, TRABALHA-SE PARA QUE ELA OCORRA DE FORMA SUAVE, SEM A NECESSIDADE DE UM GRANDE ESCÂNDALO
247 – A capa da revista Veja desta semana é emblemática. Depois de uma sexta-feira repleta de boatos a respeito de uma reportagem devastadora sobre o ministro Guido Mantega, que seria publicada neste sábado, mas não veio, ela traz apenas uma chamada de capa com a efígie do real e a seguinte chamada: “Casa da Moeda – Por que o escândalo ainda vai demitir muita gente”. Internamente, a reportagem de Veja não traz nada de novo. Apenas relata como se deu a demissão de Luiz Felipe Denucci, ex-presidente da Casa da Moeda, sob a acusação de receber R$ 25 milhões no exterior de fornecedores da estatal. Ora, se o escândalo da Casa da Moeda já derrubou o próprio presidente da empresa, por que haveria ainda de derrubar muita gente, como insinua a revista Veja? Seria uma ameaça ao ministro Mantega, chefe de Denucci?
O fato é que Guido Mantega está sob intenso bombardeio. E tem recebido sinais frequentes para que saia por cima – antes que seja atingido por um escândalo maior. Esse processo começou há dois meses, quando o colunista Claudio Humberto antecipou a informação de que o ministro poderia deixar o cargo para acompanhar o tratamento da esposa, que se cura de um câncer. Há poucas semanas, foi a vez da revista Época trazer uma reportagem assinada pelo jornalista Luiz Maklouf Carvalho, o único que conseguiu entrevistar a presidente Dilma Rousseff sobre o que ela viveu nos porões da ditadura, com revelações inéditas sobre a vida do ministro. No texto “O planeta Guido”, Maklouf trouxe a público a informação de que Mantega não apenas possui um apartamento em Paris, como também um patrimônio imobiliário estimado em R$ 20 milhões, na cidade de São Paulo, que seria fruto de uma herança deixada pelo pai. Até então, não se sabia que Mantega era um milionário. Ele era conhecido apenas como um professor universitário, que foi assessor econômico de Lula e chegou ao cargo mais alto da economia brasileira. Lembre-se que Antonio Palocci, notório desafeto de Mantega, caiu por ter adquirido um apartamento de R$ 6 milhões nos Jardins, em São Paulo.
No fato mais recente, que envolve a Casa da Moeda, Mantega foi mais uma vez fustigado com a informação de que teria recebido os dossiês sobre o suposto enriquecimento ilícito de Denucci há cinco meses, sem ter tomado qualquer providência – o que constituiria o crime de prevaricação. Na próxima semana, ele pode ser chamado a prestar esclarecimentos no Congresso Nacional.
No entanto, ao que tudo indica, Mantega não dá qualquer sinal de que pretenda deixar o cargo voluntariamente. Neste fim de semana, ele foi capa da revista Istoé Dinheiro, numa reportagem em que foi confrontado com a seguinte questão: “O sr. está feliz no cargo? É bom ser ministro da Fazenda neste momento?” E respondeu: “É bom. E sabe por quê? Porque gosto de desafios. Eu não tenho me entediado no cargo. Os resultados são muito satisfatórios. A classe E diminuiu sensivelmente e estamos conseguindo dar emprego para todo mundo que quer emprego. Me dá uma grande satisfação ser ministro de uma economia que não está arrochando salário, não está desempregando gente, que paga dívida.”
Possíveis substitutos
Apegado ao cargo, Mantega pode ser submetido ao mesmo processo de desgaste já vivido por Antônio Palocci na Casa Civil. Hoje, é o ministro mais forte do governo Dilma, com influência direta em instituições como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e os fundos de pensão estatais. E é justamente por isso que desperta tanto fogo amigo. Sua força é também sua fragilidade (leia mais aqui).
Além disso, há pelo menos três economistas no governo federal por quem a presidente Dilma Rousseff demonstra mais apreço e intimidade. São eles Luciano Coutinho, presidente do BNDES, Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, e Nelson Barbosa, secretário-executivo do Ministério da Fazenda.
Mantega, que foi o mais longevo ministro dos governos petistas, e tem um bom legado na economia brasileira, ainda pode sair por cima, ao contrário do que aconteceu com Antonio Palocci e todos os outros que foram substituídos pela presidente Dilma. E tem recebido constantes sinais nesta direção. A decisão é dele.
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