Fernando Henrique Cardoso veiculou nas páginas deste domingo um artigo sobre os leilões em que o governo de Dilma Rousseff levou ao martelo três dos maiores e mais movimentados aeroportos do país: Guarulhos, Campinas e Brasília.
No texto, o ex-mandarim da Era tucana como que saboreia a rendição do petismo ao receituário que antes criticava.
A íntegra da peça de FHC, intitulada ‘Ainda as Privatizações’, pode ser lida aqui. Vai abaixo o aperitivo de três parágrafos –os dois primeiros e o último:
As recentes e tardias decisões do governo federal de enfrentar o péssimo estado da infraestrutura aeroportuária deram margem a loas por parte de quem conhece a precariedade de nossos aeroportos e a justificativas envergonhadas por parte de dirigentes petistas segundo os quais ‘concessões’ não são ‘privatizações’, como se ambas não fossem modalidades do mesmo processo.”
“Passados tantos anos das primeiras privatizações de empresas e concessões de serviços públicos e dada a sua continuidade em governos controlados por partidos que se opunham ferozmente a elas, a relevância ideológica da discussão é marginal. Só o oportunismo eleitoral pode explicar porque insistem em um tolo debate que sustenta ser ‘patriótico’ manter sob controle estatal um serviço público, ao passo que concedê-lo à iniciativa privada, com ou sem a venda da propriedade, é coisa de ‘entreguista’.”
[...]
“Os que criticam as privatizações são os mesmos que se gabam dessas empresas e de sermos hoje a quinta economia do mundo. Esquecem-se de que isso se deve em muito ao que sempre criticaram: além das privatizações, o Plano Real, o Proer, à Lei de Responsabilidade Fiscal, enfim, a modernização do estado e da economia. Mas, atenção: não basta fazer concessões e privatizar. É preciso fazê-las com critérios pré-definidos, elaborar editais claros, exigir que se cumpram as cláusulas das licitações e evitar que as agências reguladoras se transformem em balcões partidários. Esperemos para julgar o que ocorrerá com os aeroportos.”
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