quinta-feira, 21 de julho de 2011

O lado megera de ex-editora

Da CartaCapital

Redação Carta Capital 21 de julho de 2011 às 8:11h

 Max Nash/AFP

Rebeca Brooks e o magnata Rupert Murdoch. Com a prisão da ex-editora, repórteres começam a revelar a realidade das redações dos jornais sob o comando dela. Foto: Max Nash/AFP

As histórias envolvendo os escândalos de espionagem do tablóide News of the World ganha novos (e rudes) detalhes a cada dia. As últimas contam casos de bastidores envolvendo a ex-editora Rebeca Brooks, uma das cabeças do grupo o qual o jornal pertencia e fortemente ligada a Rupert Murdoch.

Na terça-feira 20, jornalistas que trabalharam com ela contaram à Associated Press (AP) que falta de escrúpulos e bullying corporativo faziam parte do cotidiano das redações pelas quais passou.

“Os repórteres que se submetiam ao ridículo eram destinados ao sucesso”, disse Michael Taggart, que trabalhou com Rebeca Brooks em 2003 no The Sun.

Segundo Taggart, o mantra da redação comandada por Rebeca era “faça o que for preciso”. Ele afirma ter participado de vigilâncias noturnas e operações secretas junto a celebridades, contrapondo-se aos veículos concorrentes, que tendiam a ter as informações vindas de contatos junto de celebridades.

Um caso importante de excessos comentidas pela direção do grupo foi relatado pelo jornalista Charles Begley, que cobria tudo sobre Harry Potter em 2001. Ele chegou a ser obrigado a trabalhar com roupas do jovem mago do cinema. Quando ele se recusou a vestir as roupas, Rebeca Brooks, sua chefe, não o permitiu cobrir mais fatos sobre o Harry Potter.

Particularmente no caso do The Sun, tabloide famoso por ter fotos de mulheres em topless, só piorou com Rebeca no comando, afirma Michael Taggart. “Era esperado que nós adjetivássemos as mulheres com expressões como ‘prostituta’”, por exemplo.

Um problema jornalístico crônico também era rotineiro sob o comando da amiga de Ruppert Murdoch: a inserção falsa de detalhes em matérias. Um ex-repórter que trabalhou por 7 anos no News of The World disse disse, em condição de anonimato, que a prática era comum pelos editores do jornal. “Não havia como protestar”, disse. “Qualquer um que mencionasse ética ou se recusava a cooperar com as práticas duvidosas, era exilado pela redação”.

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