quinta-feira, 21 de julho de 2011

Timóteo diz que escreveu carta, mas não acreditou em denúncias

RODRIGO RÖTZSCH
DO RIO

Em visita ao Rio, o vereador Agnaldo Timóteo (PR-SP) admitiu nesta quinta-feira ter escrito a carta que menciona uma suposta cobrança de propina por "oportunistas" de seu partido, mas afirma não ter acreditado nas denúncias de Geraldo de Souza Amorim.

"A gente nem sabe se são verdadeiras essas denúncias do Geraldo. Ele me afirmou certa vez que alguém o havia procurado em nome do PR. Como é que a gente vai saber se isso é verdade? Não me deu o nome de ninguém. Eu não sei como eu agiria se conhecesse o tal personagem."



Segundo reportagem publicada hoje pela Folha, Timóteo mandou carta em papel timbrado da Câmara Municipal de São Paulo a Geraldo, um antigo aliado, em que menciona cobrança de propina por "oportunistas" de seu partido e cita o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP).

Timóteo afirmou ser "muito grato" a Geraldo pela ajuda que o empresário lhe deu na sua campanha de 2008 e que por isso o levou para audiências com o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM) e com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O vereador diz ser amigo de Geraldo e ressalta que inclusive lhe concedeu o título de cidadão paulistano.

Questionado pela Folha se essa proximidade não bastou para que ele desse credibilidade às denúncias de Amorim sobre cobrança de propinas e mandasse investigá-las, Timóteo retrucou:

"Por quê? Eu disse: 'Geraldo, tenha cuidado, pode ser alguma armadilha'. Os senhores da imprensa são especialistas em preparar armadilhas, os senhores são especialistas em destruir pessoas. A gente tem que ter muito cuidado, porque pode ser uma armadilha. E quase sempre são."

Na carta, Timóteo acusa Geraldo de ter "peitado" o deputado federal Valdemar da Costa Neto (PR-SP) e por isso ter perdido sua "galinha dos ovos de ouro". Na entrevista à Folha, ele disse que o advogado Ailton Vicente de Oliveira, que sucedeu Geraldo como administrador da feira da madrugada, acabou voltando o deputado contra o empresário.

"Ele tem um inimigo lá dentro que acabou tomando dele o que ele construiu, um tal de Ailton, que tanto fez fofoca, fez denúncias contra ele, que quando eu fui pedir ao Valdemar Costa Neto a possibilidade de ampliarmos a licença para o Geraldo, ele estava ensandecido: 'Nem me fala, nem me fala. Recebi denúncias de que ele estaria usando o terreno da rede ferroviária como se fosse dele'. Lamentavelmente, o Ailton acabou tomando dele aquele espaço", disse.

O vereador disse que o estranhamento entre Valdemar e Geraldo não tem nenhuma relação com a demissão do seu gabinete de uma filha do empresário, que motivou a carta.

"A filha dele tinha um cargo no meu gabinete, porque é advogada, está fazendo estágio, belíssima, inteligente, simpática. Mas teve uma hora que eu precisei do cargo para dar para uma pessoa que precisava mais do emprego. Só isso."

Timóteo diz não ver nenhum problema no que escreveu. "Se houvesse alguma coisa na minha carta que me pudesse criar algum embaraço eu não teria mandado, não teria assinado."

Editoria de Arte/Folhapress

Nenhum comentário: