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MESMO COM 70% DE APROVAÇÃO POPULAR, PRESIDENTE É FORÇADA A TROCAR, EM MENOS DE UM ANO DE GOVERNO, OS MINISTROS DE SEUS MINISTÉRIOS MAIS IMPORTANTES (ESQ À DIR.): CASA CIVIL, TRANSPORTES, DEFESA E AGRICULTURA; QUEM É O PRÓXIMO?
Evam Sena_247 e Rodolfo Borges_247 – A pergunta se impõe: como um governo com 70% de aprovação popular pode permanecer mergulhado há mais de três meses numa crise política? Metade dos sete meses de governo da presidente Dilma Rousseff foi marcada por denúncias de ilícitos em quatro ministérios e, antes de completar o primeiro ano de mandato, a presidente já perdeu quarto de seus ministros, e nas áreas mais importantes do governo.
Seu principal ministro, o articulador político e industrial Antonio Palocci, deixou a Casa Civil depois de revelado seu expressivo enriquecimento nos quatro anos anteriores a sua posse. Na sequência, o senador Alfredo Nascimento caiu do Ministério dos Transportes , a principal pasta do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – os Transportes foram responsáveis por metade dos gastos (R$ 10,6 bilhões) do maior programa do governo no primeiro semestre.
Não fosse o bastante, Dilma perdeu seu ministro da Defesa depois de uma série de declarações infelizes de Nelson Jobim. Apesar de críticas de alguns setores militares, o trabalho de Jobim era considerado bom e sua posição pró-militares em questões como a Comissão da Verdade ajudava a equilibrar as difíceis relações entre as Forças Armadas e o governo civil a que elas passaram a se submeter depois da criação do Ministério da Defesa.
Agora foi a vez de Wagner Rossi, ministro da Agricultura, a área que sustenta a economia brasileira em meio à recessão mundial, com um saldo comercial de US$ 60 bilhões. Foram quatro golpes certeiros em áreas estratégicas para o governo, que praticamente anteciparam a reforma ministerial que a presidente estava preparando para o fim de seu primeiro ano. Depois da queda de Rossi, é inevitável questionar: quem será o próximo?
Em nota, a presidente lamentou a saída do ministro. "Lamento profundamente a saída do ministro Wagner Rossi, que deu importante contribuição ao governo com projetos de qualidade que fortaleceram a agropecuária brasileira. Agradeço seu empenho, seu trabalho e a sua dedicação. Lamento ainda que o Ministro não tenha contado com o princípio da presunção de inocência diante de denúncias contra ele desferidas", escreveu a presidente.
O pedido de demissão de Rossi soou como confissão de culpa para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR). “É evidente que quem pede demissão aceita as denúncias como verdadeiras. O vice é o patrono da nomeação do ministro e é óbvio que há desconforto no governo”, avaliou o senador, aproveitando para reforçar a necessidade de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias de corrupção no governo. “É uma crise política sem precedentes e revela um governo confuso e inseguro”, constatou.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), ponderou que a alternativa escolhida por Rossi foi a melhor. “Fomos surpreendidos. A carta diz que foi por motivos pessoais. Wagner Rossi prestou um bom serviço ao governo. Sua saída não enfraquece o governo. O governo tem financiado um conjunto de ações (de investigações) e formado providências. Quem escolhe o sucessor é a presidente Dilma”, disse Vaccarezza.
O presidente em exercício do PMDB, senador Valdir Raupp (PMDB-RR), reiterou que o pedido de demissão de Rossi foi uma decisão pessoal. Segundo Raupp, Rossi não conversou com o PMDB antes de anunciar sua renúncia. “Foi uma decisão pessoal, decidida no fim da tarde de hoje. Ele não conversou com o PMDB antes”, disse Raupp antes de se reunir com o vice-presidente Michel Temer, apadrinhado político de Rossi.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) também lamentou a saída, mas garantiu que a relação entre PMDB e PT não será abalada. “A demissão não vai gerar problemas na relação da presidente com o PMDB, porque foram os fatos que levaram à demissão. A presidente está mudando a relação com o Congresso. O que é novo nesse governo: qualquer denúncia vai ter que ser explicada”, disse o senador, que defendeu as escolhas de Dilma.
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