segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O tsunami de Olímpia

 

Descoberta arqueológica sugere que antigo santuário grego foi soterrado por ondas gigantes no século VI d.C.

Paula Rocha

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ACHADO
A forma como os fragmentos das colunas estavam dá força à hipótese de tsunami
Durante séculos, o santuário de Olímpia, na Grécia, ficou soterrado sob metros de areia e história. Localizado a 262 quilômetros da capital Atenas, esse sítio arqueológico, considerado um dos mais importantes do mundo, foi o berço dos Jogos Olímpicos e o principal local de devoção dos gregos a suas divindades. Desde seu descobrimento, há cerca de 250 anos, acreditava-se que Olímpia teria desaparecido após um forte terremoto, seguido de uma enchente causada por um rio próximo. Essa teoria, presente até hoje em livros de história do mundo todo, está prestes a desmoronar. Segundo o arqueólogo Andreas Vött, do Instituto de Geografia da Universidade de Mainz, na Alemanha, Olímpia desapareceu após uma série de tsunamis que atingiram a costa oeste da Grécia ao longo do século VI d.C.

A nova hipótese para a destruição do santuário partiu de um projeto liderado por Vött, que estuda tsunamis registrados na região do Mediterrâneo nos últimos 11 mil anos. Analisando amostras dos sedimentos de Olímpia e arredores, o arqueólogo encontrou fósseis de organismos marinhos, como conchas e moluscos. Outra evidência é a forma como os destroços dos templos repousavam. “Se Olímpia tivesse sido des­truída por um terremoto, fragmentos de colunas estariam caídos uns em cima dos outros. Mas, na verdade, eles estavam ‘boiando’ em sedimentos”, disse Vött. Para Lilian de Angelo Laky, doutoranda em arqueologia grega e especialista em sítios arqueológicos de Olímpia pela Universidade de São Paulo, essa nova descoberta promete enterrar de vez as antigas crenças sobre o desaparecimento do santuário. “As escavações alemãs em Olímpia no século XIX marcaram o início da arqueologia moderna na Grécia. Agora, os alemães mais uma vez participam de uma descoberta relevante para o estudo da história”, diz.
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