domingo, 7 de agosto de 2011

Um plano o fim do túnel



 

Em meio à sua maior crise política, Dilma acelera o lançamento de medidas para fortalecer a economia e tenta mostrar que o governo não está paralisado

Adriana Nicacio

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DECIDIDA
Dilma obrigou ministros a dar plantão no fim de
semana para lançar programa na terça-feira 2
Na sexta-feira 29, os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, fizeram plantão no Palácio do Planalto. Por ordem expressa da presidente Dilma Rousseff, ficaram reunidos até dar forma definitiva à nova política industrial, pondo fim ao impasse entre a Fazenda e o Desenvolvimento em torno da desoneração da folha de pagamento das empresas. Na falta de um acordo, os dois ministros, na véspera, haviam comunicado que o adiamento das medidas seria inevitável. Foram duramente cobrados pela presidente, que considerou inadmissível a paralisação num momento difícil para o governo, em razão dos escândalos envolvendo os partidos da base aliada. Dilma avisou que, desta vez, a agenda tinha que ser positiva. No entanto, ao retornar ao Planalto após um encontro protocolar com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, a questão ainda não estava resolvida. “Guidinho, quero todos vocês no Palácio da Alvorada amanhã (sábado) às 9 horas”, avisou Dilma, e foi embora. Para a presidente, tratava-se de questão de honra. O pacote, batizado de Plano Brasil Maior, seria anunciado na terça-feira 2.

Dilma Rousseff abriu a reunião no Alvorada no sábado de manhã e comandou os trabalhos até as 11h30, quando deixou seus subordinados para embarcar, às pressas, rumo ao Rio, onde participou da cerimônia de sorteio das eliminatórias da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014. Os ministros permaneceram de castigo em Brasília durante o fim de semana, fazendo o dever de casa. Seguiram à risca a determinação da presidente: “A Receita Federal não manda no meu governo”, disse ela, diante dos temores de que as contas não fechariam com os benefícios à indústria. Graças ao esforço concentrado, Dilma anunciou às 11h30 da terça-feira 2, para uma ampla plateia de empresários e políticos, o programa criado para estimular investimentos, diminuir os efeitos negativos do real valorizado sobre a indústria e evitar a enxurrada de produtos importados. Preocupada porque as compras externas crescem num ritmo bem superior ao da produção nacional, Dilma quer proteger a indústria brasileira, em defesa do emprego e da renda. “Essas medidas são o nosso primeiro passo em direção ao aumento de competitividade do Brasil a partir da inovação, da agregação de valor e do combate a práticas no que se refere à concorrência”, disse.

As 35 medidas, que somam R$ 20,7 bilhões em renúncia fiscal, também confirmam o esforço que a presidente tem feito para mostrar que o governo não está paralisado pelas intrigas políticas. Antes de cobrar o acordo entre Mantega e Pimentel, Dilma havia pressionado a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para que apressasse o novo balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A presidente passou um pente fino no PAC em audiências com ministros da área para atestar que as obras não sofreram superfaturamento. E decidiu lançar versões do Brasil Sem Miséria pelo Nordeste. Acertou com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, mais investimentos em recursos hídricos e irrigação e prometeu aumentar os recursos para as ferrovias. A presidente Dilma Rousseff quer tocar seu governo com ou sem problemas políticos. Resta saber se vai conseguir.
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