O diretor-geral da Polícia Civil, Onofre Moraes, pediu exoneração nesta quinta-feira e anunciou que vai se aposentar, após ser publicado um vídeo no qual dizia que o governador Agnelo Queiroz (PT) deixaria o cargo "num camburão da Polícia Federal".
Onofre disse que as declarações foram feitas entre amigos, "como galhofas de botequim".
Ele admitiu, contudo, um "desabafo", por causa da expectativa de assumir a chefia da Polícia Civil porque foi o delegado "que mais trabalhou nas eleições". Ele pediu ainda desculpas aos citados.
"Esse vídeo estava na geladeira esperando para me fazer de defunto", disse após anunciar a aposentadoria.
Onofre Moraes ficou no cargo pouco mais de dois meses. As declarações foram dadas em junho do ano passado, quando Agnelo já era investigado pela PF e ele era apenas delegado.
A conversa foi travada com o jornalista Edson Sombra, o mesmo que foi testemunha na Operação Caixa de Pandora e levou o ex-governador José Roberto Arruda à prisão por tentativa de suborno.
"Eu liguei e falei: 'quando o seu governador tiver saindo do camburão da Polícia Federal e eu estiver aposentado e vendo, eu só vou falar: pede à diretora para tirar ele'. Foi o recado que eu mandei, direto", disse Onofre Moraes. Na conversa, não fica claro para quem Onofre teria ligado.
No diálogo, Onofre Moraes reclamava da diretora-geral Mailine Alvarenga, que sofria resistências internas. Ela acabou deixando o cargo em novembro, quando Onofres Moraes assumiu a chefia da Polícia Civil e demitiu dezenas de delegados.
Segundo o diretor-geral, Agnelo deixaria o governo por conta da exposição do cargo. "Você é um delegado de plantão, mas faz os seus esquemas. Você é pintinho e ninguém vai querer te destruir. Vira diretor e aí nego fuça tudo. O problema do Agnelo foi esse", disse.
Onofre disse ainda que, por conta das investigações, Agnelo Queiroz teria ainda outro caminho: a renúncia.
O delegado também falou do vice de Agnelo, Tadeu Filippelli (PMDB), quando um empresário reclamava de uma licitação e uma "força tarefa do governo. "Aí quem está operando é o Tadeu", disse Onofre Moraes.
O delegado se recusou a comentar os detalhes do vídeo.
'TRABALHO TÉCNICO'
Segundo o porta-voz do governo do DF, Ugo Braga, Agnelo "reconheceu o bom trabalho técnico" de Moraes, mas aceitou o pedido de demissão "para garantir a normalidade administrativa". Braga não respondeu as perguntas da imprensa, disse apenas que o secretário de Segurança, Sandro Avelar, está comandando o processo de escolha do novo diretor-geral da Polícia Civil.
O vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filippelli, disse que acionou a consultoria jurídica para analisar o vídeo para tomar as "providências cabíveis".
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