quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

EUA e ISRAEL QUEREM GUERRA!



 

[OBS do “Odiario.info” (de Portugal): Neste artigo, Craig Roberts faz significativo paralelo histórico: o que estamos a testemunhar é repetição da política de Washington para com o Japão na década de 1930, que provocou o ataque japonês a Pearl Harbour. Os saldos bancários do Japão no Ocidente foram apreendidos e o acesso do Japão a petróleo e matérias-primas foi restringido. O objetivo era prevenir ou retardar a ascensão do Japão. O resultado foi a guerra.

Mas é surpreendente que uma tal análise leve, no final, o autor a apelar ao apoio ao candidato Ron Paul nas próximas eleições presidenciais dos EUA. Por muito maus que sejam os restantes dos candidatos, a alternativa não é certamente esse personagem ultraliberal].

A PRÓXIMA GUERRA NA AGENDA DOS EUA

Por Paul Craig Roberts (*), economista norte-americano



Paul Craig Roberts
Só os cegos não vêem que o governo dos EUA se prepara para atacar o Irã". Segundo o Professor Michel Chossudovsky, “os preparativos para a guerra contra o Irã (com o envolvimento de Israel e da OTAN) foram iniciados em Maio de 2003.”

Washington instalou mísseis apontados ao Irã, nos estados emirados com petróleo que funcionam como seus fantoches, Omã e os Emirados Árabes Unidos e, com poucas reservas, noutros estados fantoches no Médio Oriente. Reforçou a frota de caças da Arábia Saudita. Mais recentemente, enviou 9 000 soldados para Israel, para participar em “jogos de guerra” cujo objetivo é testar o sistema de defesa aérea dos EUA/Israel. Uma vez que o Irã não representa ameaça, a menos que seja atacado, os preparativos de guerra de Washington assinalam a intenção de atacar o Irã.

Outro sinal de que Washington tem nova guerra em agenda é o aumento da retórica e demonização do Irã. A julgar pelas estatísticas, a propaganda de Washington de que “o Irã ameaça os EUA através do desenvolvimento de uma arma nuclear” foi bem sucedida. Metade do público norte-americano apoia um ataque militar, a fim de impedir esse país de adquirir poder nuclear. Aqueles de nós que tentam despertar os nossos concidadãos partem de um déficit que corresponde ao fato de metade da população dos EUA estar sob controle do Big Brother.

Como os relatórios dos inspetores da “Agência Internacional de Energia Atômica”, no território do Irã, deixaram claro há anos, não há provas de que o país tenha desviado qualquer urânio enriquecido a partir do seu programa de energia nuclear. O estridor de Washington e dos “media” neoconservadores é infundado. A mentira está ao mesmo nível da reivindicação de que Saddam Hussein tinha no Iraque "armas de destruição em massa". Cada soldado dos EUA que morreu naquela guerra morreu em nome de uma mentira.

Não poderia ser mais óbvio que os preparativos de guerra de Washington contra o Irã. Nada têm que ver com dissuadir o país de construir uma arma nuclear. Qual, então, a sua base?

Em minha opinião, os preparativos do governo dos EUA para a guerra são movidos por três fatores:

Um deles é a ideologia neoconservadora, adotada pelo governo dos EUA, que os leva a usar a sua posição de superioridade militar e econômica para conseguir a hegemonia mundial. Esse objetivo faz apelo à arrogância norte-americana e ao poder e sede de lucro que ela serve.

Um segundo fator é o desejo de Israel de eliminar todo o apoio aos palestinianos e ao Hezbollahno sul do Líbano. O objetivo de Israel é dominar toda a Palestina e os recursos hídricos do sul do Líbano. A eliminação do Irã remove todos os obstáculos à expansão de Israel.

Um terceiro fator é o de impedir ou retardar a ascensão da China como potência militar e econômica, controlando o acesso da China à energia. Foram os investimentos da China em petróleo no leste da Líbia que levaram os EUA e os seus fantoches da OTAN a virar-se subitamente contra a Líbia, e foram os investimentos da China em petróleo noutras regiões de África que resultaram na criação, por parte do regime de Bush, do Comando dos EUA para África, o AFRICOM, destinado a combater a influência econômica da China com a influência militar dos EUA. A China tem investimentos significativos em energia no Irã, e uma percentagem substancial das importações de petróleo da China provém de lá. Privar a China do acesso independente ao petróleo é a maneira de Washington dominar e encurralar a China.

O que estamos a testemunhar é uma repetição da política de Washington para com o Japão na década de 1930, que provocou o ataque japonês a Pearl Harbor. Os saldos bancários do Japão no Ocidente foram apreendidos e o acesso do Japão a petróleo e matérias-primas foi restringido. O objetivo era prevenir ou retardar a ascensão do Japão. O resultado foi a guerra [inclusive com genocidas experiências atômicas].


Apesar da sua desmedida arrogância, Washington entende a vulnerabilidade da sua Quinta Frota no Golfo Pérsico e não arriscaria perder uma frota e 20 000 homens a menos que fosse para ganhar uma desculpa para um ataque nuclear ao Irã. Um ataque nuclear ao Irã alertaria a China e a Rússia de que poderiam sofrer o mesmo destino. Como consequência, o mundo enfrentaria risco de cataclismo nuclear maior do que no tempo do impasse EUA-URSS, que assegurava destruição mútua.


Washington coloca-nos numa situação fora de controle. Declarou que o eixo “Ásia-Pacífico” e o Mar da China Meridional são áreas de “interesse nacional dos EUA”. Qual o sentido dessas palavras? O mesmo que teria a China declarar o Golfo do México e o Mar Mediterrâneo como áreas de "interesse nacional da China".

Washington colocou 2 500 fuzileiros, prometendo a chegada de mais, na Austrália, com que fim? Proteger a Austrália da China ou ocupar a Austrália? Cercar a China com 2 500 fuzileiros navais? Não significaria nada para a China, se Washington colocasse 25 000 fuzileiros navais na Austrália.

Se formos aos fatos, as palavras duras de Washington não constituem senão provocação sem sentido ao seu maior credor. E se a idiotia de Washington fizer com que a China passe a temer a possibilidade de Washington e os seus fantoches europeus e Reino Unido se apoderarem dos seus saldos bancários e se recusarem a honrar as participações da China de 1 trilhão de dólares em títulos do Tesouro dos EUA? Irá a China retirar os seus saldos dos enfraquecidos bancos dos EUA, Reino Unido e Europa? Irá a China atacar primeiro, não com armas nucleares, mas com a venda do seu trilhão de dólares em títulos do Tesouro de uma só vez? Seria mais barato do que a guerra.


A Reserva Federal (FED) teria de imprimir rapidamente mais 1 trilhão de dólares para comprar os títulos, caso contrário as taxas de juros dos EUA iriam disparar. O que faria a China com um 1 trilhão de dólares acabados de imprimir? Na minha opinião, a China iria livrar-se de tudo de uma vez no mercado de câmbio, porque a Reserva Federal (FED) não pode imprimir euros, libras britânicas, yen japonês, franco suíço, rublo russo e yuan chinês para comprar a sua moeda recém-impressa.

O dólar norte-americano seria esmagado. Os preços de importação dos EUA (que agora incluem, graças ao 'offshoring', quase tudo o que os norte-americanos consomem) subiriam. Os 90% que vivem com maiores dificuldades seriam ainda mais esmagados, atraindo ainda mais os seus opressores em Washington. O resto do mundo, antecipando a guerra nuclear, libertar-se-ia dos dólares, já que Washington seria um alvo de ataque primário. Se os mísseis não forem lançados, os norte-americanos levantar-se-ão no dia seguinte na condição de país falido do terceiro mundo. Se os mísseis forem lançados, serão poucos a despertar.

Como norte-americanos, precisamos de nos interrogar sobre o que está em jogo. Porque é que o nosso governo provoca deste modo o Islã, a Rússia, a China, o Irã? Que propósito, quem estão a servir? Certamente não a nós.

Quem se beneficia do fato de o nosso governo falido se lançar em mais guerras, desta vez não contra países indefesos como o Iraque e a Líbia, mas a China e a Rússia? Pensarão os idiotas em Washington que o governo russo não sabe por que razão a Rússia está cercada com bases de mísseis e sistemas de radar? Acreditarão os imbecis que o governo russo cairá na sua mentira de que os mísseis são dirigidos contra o Irã? Só os idiotas que se sentam à frente da “Fox News” acreditariam que se trata aqui, verdadeiramente, de uma arma nuclear iraniana.

Quanto tempo mais irá o governo russo permitir à “National Endowment for Democracy” (Fundação Nacional para a Democracia), que é uma fachada da CIA, interferir nas suas eleições através do financiamento dos partidos da oposição liderada por nomes como Vladimir Kara-Murza, Boris Nemtsov, e Alexei Navalny, que protestam todas as eleições ganhas pelo partido de Putin, acusando sem qualquer prova, mas fornecendo a Washington que, sem dúvida, paga muito bem, propaganda de acordo com a qual as eleições foram e serão roubadas?

Nos EUA, ativistas como esses seriam declarados “extremistas internos” e sujeitos a duro tratamento. Nos EUA, mesmo os pacifistas estão sujeitos a invasões de domicílio pelo FBI e a investigações dos tribunais.

O que isso significa é que “o criminoso estado russo” é uma democracia mais tolerante do que os EUA ou os seus estados europeus e o Reino Unido.

Para onde vamos a partir daqui? Se não quisermos caminhar para a destruição nuclear, os americanos têm que acordar. Jogos de futebol, pornografia, e centros comerciais são uma coisa. A sobrevivência da humanidade é outra. Washington, isto é, o “governo representativo”, consiste somente de uns quantos interesses poderosos. Esses interesses privados, e não o povo americano, controlam o governo dos EUA.

É por isso que nada que o governo dos EUA faça beneficia o povo norte-americano.

A atual colheita de candidatos presidenciais, com exceção de Ron Paul [sic], representa os interesses no controle. A guerra e a fraude financeira são os únicos valores norte-americanos que restam.

Voltarão os norte-americanos a dar o esplendor da “democracia” a governar por uns poucos, participando nas próximas eleições manipuladas?

Se tiver que votar, vote em Ron Paul ou num candidato de um terceiro partido mais radical. Mostre que não apoia a mentira que é este sistema.

Deixe de ver televisão. Deixe de ler os jornais. Deixe de gastar dinheiro. Quando faz qualquer dessas coisas, apoia o mal.”

FONTE: (*) escrito por Paul Craig Roberts, economista (PhD) e colunista estadunidense. Foi Secretário Auxiliar do Tesouro durante a Administração Reagan, posto que lhe angariou a fama de "pai da Reaganconomia". Já foi editor e colunista do “Wall Street Journal”, da “Business Week” e da “Scripps Howard News Service”. Artigo transcrito no “Odiario.info”, de Portugal, e no portal “Vermelho”, traduzido pelo “Odiario.info”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=174374&id_secao=9) [título, imagens do Google e trechos entre colchetes adicionadas por este blog ‘democracia&política’].[Postagem por sugestão do leitor Probus]

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