Foto: TASSO MARCELO/AGÊNCIA ESTADOQUATRO FUNCIONÁRIOS DO FRIGORÍFICO MARFRIG, PRESIDIDO POR MARCOS MOLINA, MORRERAM NA TERÇA 1 EM DECORRÊNCIA DE EXPLOSÃO PROVOCADA POR GÁS; EM NOTA, EMPRESÁRIO, QUE CRESCEU COM VERBA DO BANCO PÚBLICO, CHAMA O ACIDENTE DE “INFORTÚNIO”; NÃO DISSSE SE, QUANDO E QUANTO VAI PAGAR ÀS FAMÍLIAS DAS VÍTIMAS DO ACIDENTE EM SUA EMPRESA; QUER QUE FIQUE POR ISSO MESMO?
Gisele Federicce _247 – Habituado a ser alvo de manifestações, sejam por investimentos mal feitos ou maus-tratos a funcionários dentro da companhia, o Grupo Marfrig vivencia nesta semana certamente o pior de seus pesadelos. A explosão ocorrida a partir de um vazamento de gás tóxico – ainda não identificado – no frigorífico de Bataguassu, em Mato Grosso do Sul, deixou quatro empregados mortos (dois deles com 20 e 21 anos) e outros 30 intoxicados, sendo três deles em estado grave, induzidos ao coma.A punição à empresa presidida por Marcos Molina foi iniciada já no dia seguinte ao acidente, nesta quarta-feira, 1º. O grupo terá de pagar uma multa, dada pela Polícia Militar ambiental do Estado, de R$ 1 milhão, calculada com base no artigo 61 do decreto federal de 2008, que trata da penalidade imposta quando os níveis da poluição causam danos aos seres humanos. A punição pode ser alterada para mais ou para menos quando o julgamento do auto de infração for concluído em processo instaurado pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). O caso foi encaminhado à Polícia Civil e ao Ministério Público do Estado, que em resposta ao Brasil 247, informou que aguarda laudos periciais sobre o acidente para então decidir que tipo de punição levará a empresa (criminosa ou ambiental).Em nota emitida pela empresa e assinada por Marcos Molina, o presidente diz lamentar profundamente comunicar a ocorrência do acidente, o qual chama de “infortúnio”. No comunicado, o empresário informa que a equipe está empenhada na prestação de atendimento aos colaboradores e às suas famílias. Não se manifesta pró-ativamente, porém, sobre o possível pagamento de indenizações aos feridos e aos parentes das vítimas. Até o fechamento desta matéria, a assessoria de imprensa da Marfrig também não respondeu aoBrasil 247 sobre o possível pagamento de indenizações.As últimas semanas não têm sido menos duras, independente do acidente. Outro episódio que levou à morte de um funcionário dentro da companhia foi registrado no último dia 19, questionando a fragilidade na segurança do ambiente. O empregado João Paulo Farias, de 20 anos, foi assassinado com três facadas pelo colega Sidney Nunes da Silva, de 18 anos, dentro do mesmo frigorífico onde houve o vazamento do gás, em Bataguassu. Nesta terça-feira, 31, a empresa foi alvo de protesto de mais de 200 avicultores do Distrito Federal, com apoio da Associação dos Avicultores do Planalto Central, em frente ao CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica. O questionamento dos produtores, que não se manifestavam sobre o caso pela primeira vez, é a forma como vem sendo negociada a venda dos ativos da Sadia (Brasil Foods) para a Marfrig, podendo lesá-los.Quem está por trás da MarfrigFilho e neto de açougueiros, o empresário Marcos Molina começou a trabalhar aos 12 anos no açougue do pai, em Mogi-Guaçu, interior de São Paulo, onde atendia a clientes e também cortava carne. Aos 16 anos abriu sua primeira empresa e foi conquistando sucesso com a compra de frigoríficos ao longo dos anos, sempre com ajuda do BNDES. O primeiro foi o de Bataguassu, que será para sempre lembrado como o cenário da morte de quatro funcionários seus. Em cerca de dois anos, o jovem construiu uma multinacional e, hoje, o império avaliado em R$ 28 bilhões em 2010 praticamente chegou à situação atual com verba do banco de fomento, que hoje tem 14,66% do capital da empresa por meio de seu braço de participações, a BNDESPar.Seu empréstimo de R$ 2,5 bilhões do Banco, em 2010, lhe permitiu adquirir a americana Keystone Foods LLC, negócio que tornou a empresa a maior fornecedora do McDonald´s. Mas a compra foi alvo de críticas intensas na internet, que acusam o presidente da companhia de fazer aventuras no mercado às custas de dinheiro público. Um investidor criou um site exclusivo sobre o tema (paraderoubarmarfrig.blogspot.com) e ficou ainda mais irado com o anúncio da empresa, em setembro, de que havia fechado negócio com a Martin-Brower para vender o braço de logística da Keystone Foods por meros 400 milhões de dólares.Na bolsa de valores, as ações da companhia estão entre as maiores quedas do Ibovespa no ano de 2011, com uma desvalorização de 41%. Em dezembro, a empresa foi acusada de ter seus resultados manipulados no mercado de ações. O empresário, conforme diz um relatório publicado pela casa de análise independente Empiricus, estaria adquirindo papeis da empresa com dinheiro do próprio bolso, nos últimos 15 minutos de pregão, e sem se importar com os preços. Com as compras, iniciadas no dia 11 de novembro por meio da corretora UM Investimentos, a participação de Molina na empresa já teria chegado a 47%. A empresa responsável pelo relatório afirmou, à época, receber avisos diários de traders dizendo que as negociações da empresa eram manipuladas.
Foto: TASSO MARCELO/AGÊNCIA ESTADO
QUATRO FUNCIONÁRIOS DO FRIGORÍFICO MARFRIG, PRESIDIDO POR MARCOS MOLINA, MORRERAM NA TERÇA 1 EM DECORRÊNCIA DE EXPLOSÃO PROVOCADA POR GÁS; EM NOTA, EMPRESÁRIO, QUE CRESCEU COM VERBA DO BANCO PÚBLICO, CHAMA O ACIDENTE DE “INFORTÚNIO”; NÃO DISSSE SE, QUANDO E QUANTO VAI PAGAR ÀS FAMÍLIAS DAS VÍTIMAS DO ACIDENTE EM SUA EMPRESA; QUER QUE FIQUE POR ISSO MESMO?
Gisele Federicce _247 – Habituado a ser alvo de manifestações, sejam por investimentos mal feitos ou maus-tratos a funcionários dentro da companhia, o Grupo Marfrig vivencia nesta semana certamente o pior de seus pesadelos. A explosão ocorrida a partir de um vazamento de gás tóxico – ainda não identificado – no frigorífico de Bataguassu, em Mato Grosso do Sul, deixou quatro empregados mortos (dois deles com 20 e 21 anos) e outros 30 intoxicados, sendo três deles em estado grave, induzidos ao coma.
A punição à empresa presidida por Marcos Molina foi iniciada já no dia seguinte ao acidente, nesta quarta-feira, 1º. O grupo terá de pagar uma multa, dada pela Polícia Militar ambiental do Estado, de R$ 1 milhão, calculada com base no artigo 61 do decreto federal de 2008, que trata da penalidade imposta quando os níveis da poluição causam danos aos seres humanos. A punição pode ser alterada para mais ou para menos quando o julgamento do auto de infração for concluído em processo instaurado pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). O caso foi encaminhado à Polícia Civil e ao Ministério Público do Estado, que em resposta ao Brasil 247, informou que aguarda laudos periciais sobre o acidente para então decidir que tipo de punição levará a empresa (criminosa ou ambiental).
Em nota emitida pela empresa e assinada por Marcos Molina, o presidente diz lamentar profundamente comunicar a ocorrência do acidente, o qual chama de “infortúnio”. No comunicado, o empresário informa que a equipe está empenhada na prestação de atendimento aos colaboradores e às suas famílias. Não se manifesta pró-ativamente, porém, sobre o possível pagamento de indenizações aos feridos e aos parentes das vítimas. Até o fechamento desta matéria, a assessoria de imprensa da Marfrig também não respondeu aoBrasil 247 sobre o possível pagamento de indenizações.
As últimas semanas não têm sido menos duras, independente do acidente. Outro episódio que levou à morte de um funcionário dentro da companhia foi registrado no último dia 19, questionando a fragilidade na segurança do ambiente. O empregado João Paulo Farias, de 20 anos, foi assassinado com três facadas pelo colega Sidney Nunes da Silva, de 18 anos, dentro do mesmo frigorífico onde houve o vazamento do gás, em Bataguassu. Nesta terça-feira, 31, a empresa foi alvo de protesto de mais de 200 avicultores do Distrito Federal, com apoio da Associação dos Avicultores do Planalto Central, em frente ao CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica. O questionamento dos produtores, que não se manifestavam sobre o caso pela primeira vez, é a forma como vem sendo negociada a venda dos ativos da Sadia (Brasil Foods) para a Marfrig, podendo lesá-los.
Quem está por trás da Marfrig
Filho e neto de açougueiros, o empresário Marcos Molina começou a trabalhar aos 12 anos no açougue do pai, em Mogi-Guaçu, interior de São Paulo, onde atendia a clientes e também cortava carne. Aos 16 anos abriu sua primeira empresa e foi conquistando sucesso com a compra de frigoríficos ao longo dos anos, sempre com ajuda do BNDES. O primeiro foi o de Bataguassu, que será para sempre lembrado como o cenário da morte de quatro funcionários seus. Em cerca de dois anos, o jovem construiu uma multinacional e, hoje, o império avaliado em R$ 28 bilhões em 2010 praticamente chegou à situação atual com verba do banco de fomento, que hoje tem 14,66% do capital da empresa por meio de seu braço de participações, a BNDESPar.
Seu empréstimo de R$ 2,5 bilhões do Banco, em 2010, lhe permitiu adquirir a americana Keystone Foods LLC, negócio que tornou a empresa a maior fornecedora do McDonald´s. Mas a compra foi alvo de críticas intensas na internet, que acusam o presidente da companhia de fazer aventuras no mercado às custas de dinheiro público. Um investidor criou um site exclusivo sobre o tema (paraderoubarmarfrig.blogspot.com) e ficou ainda mais irado com o anúncio da empresa, em setembro, de que havia fechado negócio com a Martin-Brower para vender o braço de logística da Keystone Foods por meros 400 milhões de dólares.
Na bolsa de valores, as ações da companhia estão entre as maiores quedas do Ibovespa no ano de 2011, com uma desvalorização de 41%. Em dezembro, a empresa foi acusada de ter seus resultados manipulados no mercado de ações. O empresário, conforme diz um relatório publicado pela casa de análise independente Empiricus, estaria adquirindo papeis da empresa com dinheiro do próprio bolso, nos últimos 15 minutos de pregão, e sem se importar com os preços. Com as compras, iniciadas no dia 11 de novembro por meio da corretora UM Investimentos, a participação de Molina na empresa já teria chegado a 47%. A empresa responsável pelo relatório afirmou, à época, receber avisos diários de traders dizendo que as negociações da empresa eram manipuladas.
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