SEG, 25/08/2014 - 11:12
ATUALIZADO EM 25/08/2014 - 15:44
Olá, Francy e amigos!
Ontem acompanhei estupefato a marolice em torno da declaração de voto de um de nossos convivas. Inicialmente achei que se tratava de uma tempestade em copo d'água, que a postagem era ideologicamente fraca, tecnicamente inconsistente, factualmente claudicante e que estaria destinada a definhar-se. Ledo engano! Percebo que milhares, milhões, talvez, das intenções de voto tem o mesmo teor esvaziado e a natureza das torcidas (organizadas ou não) de times de futebol. As opiniões que estamos nos acostumando a ler - e nos chocar - são rasteiras, deseducadas, incultas e arrogantes, o mais das vezes baseadas em mentiras, várias delas perigosas - como os apoios à volta da ditadura, que certamente colocaria a vida de muitos de nós em risco - racistas, machistas, xenofóbicas e emburrecidas. Postagens frequentes na rede sobre a necessidade de privatizar a USP, por exemplo, tem me causado exasperação!
Compreendo, portanto, o seu esforço civilizacional, tanto que participa ativamente deste espaço oferecido pelo Nassif, verdadeira ilha de paz num mar revolto. Compreendo também o esforço do Nassif que, se entendo bem, tem uma palavra que resume suas intenções: "inovação". Para que a inovação se realize, é preciso "ouvir" todas as possíveis fontes, provocá-las e permitir sua expressão. Deste embate, deve nascer algo relevante. Acho que é assim que ele pensa. Trata-se de uma presunção minha, é verdade, mas baseada em seu comportamento histórico. Compreendo e defendo, portanto, sua opção de elevar a postagem do blog a opinião do Gunter. Defendo, também, a postura do mesmo, declarando seu voto, mesmo porque não a conheci como deselegante. Acho até que é bom para que eu, comigo mesmo, exercite minha argumentação e sei que a vc não basta isto: é preciso manifestar-se, contrapor-se, dar a cara a bater e ir para o enfrentamento. Minhas energias para isto, a caminho de minha sexta década, estão se arrefecendo, o que, no entanto, não me impede a reflexão.
Ontem acompanhei estupefato a marolice em torno da declaração de voto de um de nossos convivas. Inicialmente achei que se tratava de uma tempestade em copo d'água, que a postagem era ideologicamente fraca, tecnicamente inconsistente, factualmente claudicante e que estaria destinada a definhar-se. Ledo engano! Percebo que milhares, milhões, talvez, das intenções de voto tem o mesmo teor esvaziado e a natureza das torcidas (organizadas ou não) de times de futebol. As opiniões que estamos nos acostumando a ler - e nos chocar - são rasteiras, deseducadas, incultas e arrogantes, o mais das vezes baseadas em mentiras, várias delas perigosas - como os apoios à volta da ditadura, que certamente colocaria a vida de muitos de nós em risco - racistas, machistas, xenofóbicas e emburrecidas. Postagens frequentes na rede sobre a necessidade de privatizar a USP, por exemplo, tem me causado exasperação!
Compreendo, portanto, o seu esforço civilizacional, tanto que participa ativamente deste espaço oferecido pelo Nassif, verdadeira ilha de paz num mar revolto. Compreendo também o esforço do Nassif que, se entendo bem, tem uma palavra que resume suas intenções: "inovação". Para que a inovação se realize, é preciso "ouvir" todas as possíveis fontes, provocá-las e permitir sua expressão. Deste embate, deve nascer algo relevante. Acho que é assim que ele pensa. Trata-se de uma presunção minha, é verdade, mas baseada em seu comportamento histórico. Compreendo e defendo, portanto, sua opção de elevar a postagem do blog a opinião do Gunter. Defendo, também, a postura do mesmo, declarando seu voto, mesmo porque não a conheci como deselegante. Acho até que é bom para que eu, comigo mesmo, exercite minha argumentação e sei que a vc não basta isto: é preciso manifestar-se, contrapor-se, dar a cara a bater e ir para o enfrentamento. Minhas energias para isto, a caminho de minha sexta década, estão se arrefecendo, o que, no entanto, não me impede a reflexão.
Sei que postagens longas, com extensa exposição da razões e fatos, são chatas e em geral não tem impacto algum, mas o farei em sua homenagem!
Posto isto, sou obrigado a recuperar historicamente, de modo breve, a esperança que senti quando FHC foi eleito. Ainda que não fosse com meu voto, acreditei que ele poderia - e o faria - realizar as tarefas de reforma que caberiam à burguesia: modernização do estado, incentivo à educação, apoio à ampliação dos direitos constitucionais sociais, reforma agrária, melhoria do panorama da saúde pública, modernização das relações trabalhador-empresa, combate às desigualdades regionais, ao atraso histórico, ampliação do espectro de nossas relações internacionais e sedimentação das relações comerciais, trazendo, assim, o país a um outro patamar de exportação de bens industrializados e oferecendo à população uma maior capacidade de consumo. Seu governo limitou-se a uma precária estabilização econômica, muito mais para atender aos anseios dos oligopólios, temerosos de uma quebra das relações institucionais vigentes, do que aos intereses diretos da população em geral (ainda que, como subproduto, tenham tido algum ganho). Em momento algum ofereceu "redeas soltas" ao desenvolvimento, não inovou, conteve salários, segurou o consumo e refreou a expansão industrial, não investiu em infra-estrutura, multiplicou exponencialmente o endividamento e entregou preciosos bens do estado a preços aviltantes.
Tivemos que esperar o governo de um partido que, inicialmente, se colocava muito mais à esquerda do que a administração que fez! Porém, não enganou ninguém! A carta de Lula dirigida ao país na época de sua eleição deixava claro que não derreteria as relações vigentes. Os doze anos desta administração estão aí. Não vou delongar-me listando suas virtudes ou falhas.
A pergunta que faço agora é fundamental: há alguém, algum candidato, partido ou proposta que seja, capaz de dar uma continuidade consequente a este projeto levado a cabo nos últimos 12 anos?
Aécio também não nos engana. Na verdade, se nos ativermos a seu discurso, não fica claro qual é o seu projeto de país! Ele só se identifica quando recuperamos a sua história: a administração que perpetrou em Minas é seu cartão de visitas. Agradeço, mas não mereço: o modelo do PSDB/FHC é canhestro, retrógrado e ineficiente, míope em sua concepção, entreguista em sua essencia e maléfico em suas consequencias. Já provou-se como tal.
Por outro lado, vários interlocutores já haviam previsto que os grandes opositores ao PT dele mesmo nasceriam. Alguns honrosos, como Erundina, outros nem tanto. Qual deles, como partido (PSTU, PCO, PSOL) ou como pessoa (F Weffort, Cristovão Buarque, Heloísa Helena, a propria Erundina, etc) poderiam levar adiante o país, sem desmontá-lo ou vilipendiá-lo?
Marina Silva? Suas contradições foram bem identificadas por Cláudio Dantas Sequeira e Josie Jeronimo aqui. Faço um resumo:
- agronegócios (23% do PIB e 37% da MDO) - como acomodará o suposto conservacionismo a este interesses?
- direitos civis: casamento e adoção por homoafetivos e aborto - como acomodar a Assembléia de Deus a estas pressões por direitos sociais?
- sistema de licenciamento ambiental: desaprova abertamente o abrandamento das regras, a redução da cadeia burocrática e fica numa "sinuca de bico" diante, por exemplo, da política energética nacional.
- presidencialismo de coalisão: trata-se de agente provisória dentro do PSB e, sem partido, como poderá garantir a composição de um governo estável se ela mesma proclama a falência do presidencialismo de coalisão?
- agronegócios (23% do PIB e 37% da MDO) - como acomodará o suposto conservacionismo a este interesses?
- direitos civis: casamento e adoção por homoafetivos e aborto - como acomodar a Assembléia de Deus a estas pressões por direitos sociais?
- sistema de licenciamento ambiental: desaprova abertamente o abrandamento das regras, a redução da cadeia burocrática e fica numa "sinuca de bico" diante, por exemplo, da política energética nacional.
- presidencialismo de coalisão: trata-se de agente provisória dentro do PSB e, sem partido, como poderá garantir a composição de um governo estável se ela mesma proclama a falência do presidencialismo de coalisão?
Como já disse, agradeço mas não mereço!
Voto Dilma por um projeto de continuidade. Não posso aceitar que nosso modelo tenha que ser o de um castelo de cartas: pessoas e partidos comportarem-se como o vento, que derruba o que até então foi construído com grande esforço, responsabilidae e consequencia, para colocar exatamente o que no lugar?
Grato a todos e abraços generalizados.
Força, Francy!
Grato a todos e abraços generalizados.
Força, Francy!
http://jornalggn.com.br/blog/rmoraes/breve-reflexao-e-declaracao-de-voto-por-rmoraes
Nenhum comentário:
Postar um comentário